Reforma deve focar primeiro em rever ganhos dos muito ricos

Publicado em: 15 out 2020

Campo Grande (MS) – Entrevistada de hoje na Live do Valor, a economista Tereza Campello defendeu que discussões como as que giram em torno da reforma tributária e das desonerações deveriam focar, primeiramente, milionários e bilionários do país.

Para a ex-ministra do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome no governo Dilma Rousseff, o debate ainda se centra naqueles que detêm a menor fatia da riqueza, sem que se dê o peso necessário à questão da subsistência dos mais pobres.

Questionada sobre regras que permitem que a classe média, por exemplo, deduza do Imposto de Renda gastos com saúde, ela afirmou que, a despeito de a questão ser importante, as discussões percorrem um caminho que inverte as prioridades.

“Vamos fazer um plano de voo? Primeiro passo, vamos tirar dos riquíssimos. Segundo passo, vamos discutir essas desonerações dos riquíssimos”, sugeriu a economista, reconhecendo que muitas delas foram feitas em governos do PT.

“Também acho, é verdade, e algumas delas não deveriam ter sido feitas. Algumas foram feitas, talvez até do ponto de vista da intencionalidade, de forma correta, mas não foram fiscalizadas corretamente”, afirmou Tereza, ao comentar que algumas empresas acabaram se apropriando do lucro, sem necessariamente redistribuir benefícios aos trabalhadores.

Para ela, é importante também colocar em pauta os supersalários, para só depois falar nos benefícios concedidos à classe média e nas isenções fiscais. “Mas não. As discussões começam com os pobres, que é acabar com o abono salarial, depois vai para a classe média”, comentou.

“Então, vamos fazer uma trajetória? Ver por onde começa? Aí acho que a gente faz uma discussão plausível. Porque o debate que manda no Parlamento sempre propõe que os outros paguem a conta. Eu acho que a discussão deveria começar por outro lugar”, disse ela, ao afirmar que as revisões desses benefícios poderiam, por exemplo, ser incorporadas ao debate sobre o custeio de uma renda básica.

A entrevista, conduzida pelo editor-executivo Cristiano Romero e pelo repórter Bruno Villas Bôas, pode ser assistida na íntegra pelo site e pelos canais do Valor no YouTube, no LinkedIn e no Facebook.

 

Fonte: Valor Econômico

 
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