O ministro da Fazenda lamentou a falta de espaço para redução de impostos quando questionado sobre a tributação do combustíveis. Enquanto isso, a alguns quilômetros do Ministério da Fazenda, o presidente Michel Temer convocava uma reunião de emergência para discutir a alta dos preços dos combustíveis — entre os convidados, estava o próprio Guardia, além dos ministros de Minas e Energia, Moreira Franco, e da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Os caminhoneiros brasileiros bloquearam rodovias em 17 estados em protesto contra a alta do diesel. Só em Minas Gerais foram registradas 13 interdições. Na Bahia, outras nove, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Também em reação aos protestos, os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciaram para quarta-feira a criação de uma comissão geral no Congresso Nacional para acompanhar os desdobramento da política de reajuste de preços de combustíveis.
Reformas
Ao falar sobre a perspectiva de redução da projeção de crescimento, o ministro da Fazenda reconheceu que as expectativas costumavam ser melhores, mas destacou que a taxa de investimentos está crescendo a 8%. “A agenda de reformas é crucial para manter os ganhos que já foram conseguidos até agora”, reforçou ao longo de toda a entrevista. O Governo mantém seu discurso de reformas no Congresso Nacional, principalmente no que diz respeito ao avanço da privatização da Eletrobras, e espera a aprovação da reforma da Previdência até o início do próximo ano. Com uma ponderação do ministro da Fazenda: “É razoável esperar que uma discussão sobre reforma da Previdência neste ano depende da eleição de um candidato comprometido com a reforma”.
Guardia também teve de comentar o que chamou de “movimento global de apreciação do dólar” e disse que o real brasileiro seguiu o mesmo movimento de outras moedas. Ele destacou a “situação extremamente confortável” das contas externas brasileiras, que têm déficit baixo, e o fato de a inflação estar abaixo da meta, além dos “mais de 370 bilhões em reservas internacionais”. “Não podemos mudar essa direção [do dólar]. Podemos reduzir o excesso de volatilidade”, disse.
Dólar
Após dias de alta, o dólar finalmente operou em queda nesta segunda-feira, graças a uma intervenção do Banco Central. A moeda fechou cotada a 3,68 reais, uma queda de 1,35%. O BC havia anunciado oferta adicional de swaps (venda de dólares no mercado futuro) na última sexta-feira, após o sexto pregão consecutivo de alta da moeda americana. Na sexta-feira, o dólar fechou o dia valendo 3,74 reais, um aumento de 1,04% em relação ao dia anterior.
Nesta segunda, o ministro da Fazenda disse ainda esperar que a tensão comercial entre Estados Unidos e China se reduza, apesar de enxergar possíveis benefícios ao Brasil com o surgimento de oportunidades para exportação. “Ninguém tem nada de que se beneficiar em longo prazo de uma guerra comercial”, esclareceu o secretário de assuntos internacionais da Fazenda, Marcelo Estevão, acrescentando que o Governo brasileiro continua a defender mais abertura de mercado. (Reprodução/El País)