Campo Grande (MS) – Com superávit fiscal em janeiro pela primeira vez em quase 12 anos, o saldo positivo das contas públicas na Argentina veio após um grande corte de gastos no país.
O balanço para as finanças foi positivo em cerca de US$ 589 milhões, já contemplando o pagamento dos juros da dívida pública. Vale lembrar que zerar o déficit público é a principal meta da gestão de Milei, e o comunicado oficial do governo deixa isso muito claro.
Para Igor Lucena, economista, empresário e doutor em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, do ponto de vista ortodoxo da economia, a demanda ainda vai cair muito devido ao aumento da pobreza, com as pessoas diminuindo muito o nível de consumo. E essa diminuição da demanda deve fazer com que a inflação caia.
“Os estoques no primeiro momento vão subir e as empresas vão querer liberar os estoques diminuindo preços. Então, num segundo momento, o que devemos ver acontecer já nos próximos meses é a queda da inflação até que ela comece a entrar em um patamar mais lógico”, explica.
Não é o que pensa o professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan. Para ele, a inflação argentina, que está na casa dos 254%, deve continuar subindo, acompanhando a alta dos combustíveis, do setor de serviços e das tarifas do transporte público.
Além disso, o único consenso, na opinião de Trevisan, é que a atividade econômica dos hermanos no primeiro trimestre deve cair entre quatro e seis por cento.
Aumento da pobreza na Argentina
Um estudo do Observatório da Dívida Social Argentina divulgado neste final de semana mostrou que a pobreza no país vizinho passou de 49,5%, em dezembro de 2023, para 57,4%, em janeiro, chegando ao nível mais alto dos últimos 20 anos e atingindo pelo menos 27 milhões de argentinos.
Problema que Milei atribuiu em seu perfil oficial no X (ex-Twitter) aos políticos argentinos: “Verdadeira herança do modelo de castas”.
O líder argentino disse que “6 em cada 10” no país são pobres. “Os políticos têm de compreender que o povo votou pela mudança e que vamos dar as nossas vidas para levá-la adiante”, escreveu.
Com pobreza em alta e superávit positivo, Milei segue garantindo a credibilidade dos órgãos internacionais e até da maioria dos seus eleitores, que tinha sido avisada de uma piora dos dados econômicos.
Mas também enfrenta manifestações nas ruas e resistência no Congresso, que já fez com que ele voltasse atrás com algumas propostas de governo. O país passa por um momento de transição, e há quem diga que esse deve ser um processo que vai durar de 18 a 24 meses.
A grande dúvida que ainda paira até o momento é se a população vai conseguir aguentar esse tranco econômico.
Fonte: CNN Brasil