quinta-feira, abril 24, 2025
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Da carne aos grãos: guerra comercial é uma benção para Brasil e Argentina

Tensões crescentes entre os EUA e a China criaram uma abertura para que as nações sul-americanas aumentem as exportações de tudo, especialmente de produtos agrícolas

Países sul-americanos estão se destacando como vencedores iniciais na guerra comercial global que está desestabilizando os mercados agrícolas.

As tensões crescentes entre os EUA e a China – o maior fornecedor e consumidor mundial de produtos agrícolas, respectivamente – criaram uma abertura para que as nações sul-americanas aumentem as exportações de tudo, desde carne até grãos, na tentativa de conquistar participação no mercado global.

A mais nova oportunidade parece ser a carne. As tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre oito dos dez maiores compradores de carne bovina da América já redesenharam os fluxos comerciais, aumentando as exportações de carne bovina brasileira para mercados “halal”[ liberados para o consumo de muçulmanos], incluindo Argélia e Turquia.

Japão, o segundo maior cliente de carne bovina dos EUA, agora está em negociações avançadas para começar a comprar carne mais barata do Brasil.

E qualquer desaceleração econômica provocada pela guerra comercial fará com que outros compradores internacionais de carne bovina mudem suas compras para fornecedores de menor custo, especialmente o Brasil, de acordo com o analista de mercado da Datagro, Guilherme Jank.

Até agora, a mudança da China em relação aos produtos dos EUA está se mostrando um grande motor para as exportações brasileiras e argentinas. A superpotência asiática encomendou em abril uma grande quantidade de soja do Brasil, dando ao país uma vantagem em sua rivalidade agrícola com os EUA, e recentemente fechou um acordo para reiniciar os embarques de aves da Argentina.

O aumento dos embarques para a Europa também é uma possibilidade, com as negociações para um acordo comercial entre o Mercosul – o bloco comercial sul-americano – e a União Europeia ganhando impulso, de acordo com Marcos Jank, professor sênior de agronegócio global no Insper.

Os produtores de sorgo argentinos também podem se beneficiar de preços mais altos, uma vez que não há muitos fornecedores alternativos do grão utilizado na ração animal.

A China é o maior comprador do mundo, e os EUA são o principal fornecedor. Se as restrições comerciais continuarem até o outono, quando os EUA iniciarem a colheita de soja e milho, os produtores de grãos sul-americanos terão outra oportunidade de oferecer suprimentos alternativos.

“Se essa confusão durar até o quarto trimestre, que é quando os EUA colhem e a China e a Europa mudam suas compras de soja e milho para lá, os EUA não poderão exportar e esses países continuarão comprando na América do Sul,” disse Ivo Sarjanovic, ex-comerciante de commodities e professor na Universidade Torcuato Di Tella em Buenos Aires.

Ainda assim, a volatilidade dos preços nos mercados agrícolas continua sendo um risco para todos os exportadores. Embora os prêmios físicos para soja no Brasil e na Argentina tenham inicialmente subido com os anúncios de tarifas, por exemplo, uma recessão global provavelmente diminuiria a demanda e pressionaria os preços futuros para baixo. Mas mesmo nesse caso, disse Jank, da Datagro, “é mais provável que uma economia que importa carne bovina consuma carne barata em vez de carne cara.”

Fonte: InfoMoney

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