Brasil perde uma posição em Anuário ​de Competitividade Digital

Publicado em: 29 set 2022

Campo Grande (MS) – Em ranking que analisa a capacidade de 63 economias mundiais em explorar novas tecnologias digitais, o Brasil deu um passo para trás em 2022. Na sexta edição do Anuário de Competitividade Digital do IMD, que conta com a parceria do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC), o país caiu da 51ª para a 52ª colocação geral.

​​Entre os países da América Latina, o Brasil permanece atrás do Chile (41º), que tem o melhor resultado da região, e à frente de México (55º), Peru (57º), Argentina (59º), Colômbia (60º) e Venezuela (63º).

A Dinamarca lidera a atual edição do ranking, ultrapassando os Estados Unidos (2º). Suécia (3º), Singapura (4º) e Suíça (5º) seguem a sequência dos países líderes na agenda da competitividade digital, que tem o topo da lista dominado por países da América do Norte, Europa e Ásia.  ​​

A Croácia (43º), que avançou doze posições no ranking de 2022, foi o destaque positivo desta edição. Hong Kong (9º), por outro lado, teve a maior queda e perdeu sete lugares no índice. ​​Na lanterna do estudo, seguem Venezuela (63º), Mongólia (62º) e Botswana (​​61º). ​​
Rússia e Ucrânia foram excluídas desta edição em razão da guerra e da falta de dados suficientemente robustos para a avaliação de 2022. O novo estudo também ganhou mais um país em sua lista, o Bahrein, que estreou em 32º.

O Brasil menos preparado para o futuro digital

Com foco na análise das condições criadas pelos países para se adaptarem à digitalização, o estudo avalia características dentro de três fatores principais: Conhecimento (infraestrutura necessária para aprendizagem e descoberta de novas tecnologias), Tecnologia (condições gerais que possibilitam o desenvolvimento de tecnologias digitais) e Prontidão para o futuro (nível de preparo para explorar transformações digitais). ​​

Além da análise de dados estatísticos, coletados anualmente em parceria com organizações nacionais e internacionais, o relatório também realiza pesquisas de opinião junto à comunidade empresarial nos meses de janeiro a maio. 

A queda brasileira no ranking, segundo o IMD, aconteceu em razão da piora dos indicadores analisados em Prontidão Futura (de 45º para a 47º). Já em Conhecimento (51º) e Tecnologia (55º), o Brasil manteve a estabilidade.  “Em um ano com pouca movimentação geral no ranking, o Brasil continua perdendo posições. Isso é o mais preocupante”, diz Carlos Arruda, professor de Inovação e Competitividade da Fundação Dom Cabral, em entrevista à Época NEGÓCIOS.

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Entre os subfatores analisados no estudo, o total de gastos públicos em educação (7º),  a produtividade em P&D por publicação (8º) e o investimento em telecomunicações (12º) são destaques positivos, enquanto a experiência internacional da força de trabalho (62º) e a transferência de conhecimento (61º) estão entre os piores resultados do país. A percepção dos executivos sobre a agilidade empresarial foi um dos fatores determinantes para a piora da colocação geral.

Falta de talentos 

Quando o assunto é mão de obra, o Brasil fica entre os piores, como indica a posição no subfator Talento (62º).  Segundo o IMD, permanece entre as principais dificuldades do país não só a retenção de talentos, como também a atração, o que é traduzido pelo resultado brasileiro em Pessoal estrangeiro altamente qualificado (60º).

“Um dos fatores críticos é o baixo percentual de alunos nas disciplinas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, indica o professor da FDC. “Apenas 18% dos estudantes de graduação estão nessas áreas, o que coloca o Brasil em desvantagem tecnológica. O importante é a melhora da qualidade em geral e a priorização da educação tecnológica.”

O resultado, de acordo com o estudo, reforça a necessidade de um envolvimento maior das esferas públicas e privadas em uma agenda de digitalização. “No caso das empresas, duas ações são fundamentais [para a melhora do Brasil no ranking]: a inclusão do esforço de digitalização nas estratégias de investimentos das empresas para o próximo ano, e a maior qualificação das pessoas para lidar com a tecnologia digital”, avalia Arruda.

5g pode ser fôlego para o Brasil

Para a próxima edição do anuário,  o documento destaca que a implementação do 5G no Brasil deve refletir em melhorias de alguns indicadores de infraestrutura em tecnologia, como os de velocidade de banda larga (44º), de tecnologia das comunicações (58º) e de gestão de cidades (60º).  ​​

Já na edição de 2022, o leilão da quinta geração da internet teve como resultado o avanço de nove posições no indicador de Investimento em telecomunicações (de 21º em 2021 para 12º em 2022).  “Nessa dimensão, não há dúvida de que estamos na direção correta”, afirma o professor da Fundação Dom Cabral.

O anuário destaca que, nos próximos anos, será possível avaliar se a rede 5G contribuiu para a diminuição do “abismo digital”, ampliando o acesso à internet, principalmente entre as populações mais carentes. Nesse sentido, o anuário observa melhora no indicador Usuários de internet (de 53º em 2021 para 49º em 2022).

Fonte: Época Negócios

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