Campo Grande (MS) – O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e governadores de outros estados do Brasil querem uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ontem, no Fórum dos Governadores, Reinaldo Azambuja foi um dos que defenderam o encontro, para tentar por panos quentes na crise institucional, que se agravou depois que o presidente Jair Bolsonaro protocolou pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado.
“Definimos que vamos propor reuniões com o presidente da República e também com os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), da Câmara e do Senado para discutir temas de interesse dos estados e dos municípios brasileiros”, explicou Azambuja.
“Vamos encaminhar essa pauta federativa para avançar com o desenvolvimento do Brasil”, acrescentou o governador.
“O objetivo é demonstrar a importância de o Brasil ter um ambiente de paz, de serenidade, em que possamos garantir a forma de valorização da democracia, mas, principalmente, criar um ambiente de confiança que permita atração de investimentos e geração de empregos e renda”, disse o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
A intenção é “utilizar a força dos governadores que falam em nome da população […] e levar essa fala dos 27 governadores para todos os Poderes constituídos no País”, disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
REUNIÃO
A reunião do Fórum dos Governadores já estava prevista, mas de última hora teve incluída na pauta a possibilidade de uma ruptura institucional. O assunto veio à tona nos últimos dias, após a série de ataques do presidente Jair Bolsonaro ao STF.
Além de Ibaneis e Dias, outros 22 governadores, entre eles o de São Paulo, João Doria (PSDB), participaram de forma remota.
A postura de Bolsonaro, que apresentou na sexta-feira um pedido de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes, foi criticada por governadores.
“Foi uma proposta de consenso de todos nós governadores. [Não] pela nossa disparidade de posições políticas e partidárias, mas pela harmonia que temos no nosso grupo, nós temos condições de ajudar nessas relações”, afirmou Ibaneis.
Durante a reunião, houve resistência da parte de alguns governadores a adotarem uma postura de maior confronto com Bolsonaro, segundo alguns presentes no evento.
Mesmo tendo rompido com o presidente da República, Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina, foi um dos que se posicionou contra uma medida mais enfática.
“O que nós devemos fazer é defender a democracia, Moisés, e não silenciar diante das ameaças que estamos sofrendo constantemente”, reagiu Doria.
O governador paulista havia sido o defensor de elaborarem uma carta de repúdio às ações recentes do presidente Jair Bolsonaro. Uma parte dos presentes, no entanto, argumentou que a medida apenas serviria para acirrar os ânimos.
Em mais um sinal de cautela, os pedidos de reuniões serão encaminhados a todos os chefes dos Poderes, e não apenas a Bolsonaro.
Segundo informou Dias, as cartas individuais, solicitando os encontros e apresentando a agenda a ser discutida, serão elaboradas até o fim desta semana, para que seja possível realizar as reuniões já na semana que vem.
Serão encaminhados ofícios para os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, e também para o presidente do STF, ministro Luiz Fux.
“Nós tomamos a decisão de irmos além de uma carta. Tomamos o caminho de 27 governadores, independentemente de quem é governo, quem é oposição, para abrir diálogo”, afirmou Wellington Dias, que espera que um encontro com Bolsonaro aconteça na próxima semana.
Fonte: Correio do Estado