Campo Grande (MS) – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a CPI da Covid é “um erro” e “não vai trazer efeito algum, a não ser que pegue alguma coisa”. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo publicada nesta terça-feira (22). Na entrevista, Lira também afirmou que não há “circunstância política” para a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que não acredita em uma “terceira via” para as eleições de 2022.
Sobre a CPI instalada no Senado para investigar as ações e omissões do governo federal na pandemia, o presidente da Câmara disse que a comissão “polarizou politicamente” a pandemia e que não há “receita de bolo pronta” para combater a covid-19. “Como é que você vai apurar crime de guerra no meio da guerra? Como vai dizer qual é o certo? Até dois meses atrás, o Chile era a nossa referência. Como está hoje? Por que está desse jeito se já vacinou 60%, 70%? No combate à pandemia, não tem receita de bolo pronta. Você não sabe qual variante (predomina), se fica ou sai de lockdown”, justificou Lira.
Questionado se os 500 mil mortos pela covid-19 no país poderiam ser uma justificativa para o impeachment de Bolsonaro, o parlamentar disse que apenas uma morte poderia ser motivo, mas que não é ele quem “faz o impeachment”e que “faltam circunstâncias” para iniciar o processo.
“Falta circunstância. Falta um conjunto de coisas. Enquanto a economia tiver em crescimento… Veja bem, não estou faltando com respeito a nenhuma vítima. 499 mil, 501 mil, são todas significativas como uma vida, pelo amor de Deus! O que estou dizendo é que o impeachment não é feito só disso”, afirmou o presidente da Câmara, ao O Globo.
Lira também questionou o que o impeachment de Bolsonaro poderia “resolver” no país. “Vai resolver o quê? É o (vice-presidente Hamilton) Mourão que vai resolver? O que é que vamos fazer com o impeachment?”, alegou. “O impeachment é feito com circunstâncias, com uma política fiscal desorganizada, uma política econômica troncha. O impeachment é político”.
Na entrevista, o deputado também defendeu que não houve atrasos significativos do governo federal na compra de vacinas da Pfizer. “Do dia em que a Pfizer propôs ao dia em que o governo fez (o contrato), se não errei as contas, alteraria em três milhões de doses (a mais). É muita dose. Ajudaria muita gente. Mas resolveria o problema da pandemia?”, disse Lira. “Num país como Portugal, três milhões de doses vacinam 30% da população. Três milhões de doses no Brasil não vacinam Alagoas”, acrescentou.
Questionado sobre o possível cenário eleitoral de 2022, com o ex-presidente Lula (PT) podendo se candidatar novamente, o presidente da Câmara disse que o petista é um “player importante” e que não acredita em uma alternativa de “terceira via”. “Não tem condição. No Brasil, nunca houve isso”, afirmou.
Na entrevista ao jornal, Lira também negou que tenha sido beneficiado pela aprovação do Projeto de Lei (PL) 10.887, que altera a Lei de Improbidade Administrativa. Com resistência e críticas de diversos setores, por afrouxar a punição de gestores públicos, o PL foi aprovado na Câmara na semana passada e aguarda análise do Senado Federal. “É uma lei que vem num momento correto”, disse Lira. “A atual lei está errada, foi feita depois do impeachment do Collor (em 1992), coisa analógica”.
O presidente da Câmara ainda falou que a reforma administrativa deverá ser votada este ano pela Casa, e garantiu que o texto final não afetará os atuais servidores públicos.
Fonte: Congresso em Foco