Campo Grande (MS) – Após o tombo da economia com a greve dos caminhoneiros no fim de maio, o ritmo da atividade econômica cresceu pelo terceiro mês consecutivo, de acordo com o Banco Central. O IBC-Br, indicador calculado pela autoridade monetária que equivale a uma prévia do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,47% em agosto.
O resultado, superior ao desempenho esperado pelo mercado e somado à alta de 0,65% no indicador em julho, animou os especialistas em relação ao crescimento que a economia terá no terceiro trimestre deste ano. O PIB entre julho e setembro só será divulgado pelo IBGE em 30 de novembro, mas alguns bancos já começaram a alterar suas projeções.
“O Bradesco, por exemplo, elevou sua estimativa de alta do PIB do terceiro trimestre de 0,30% para 0,50%. “O IBC-Br e outros indicadores de atividade divulgados anteriormente sugerem um crescimento do PIB do terceiro trimestre superior ao esperado anteriormente”, explicou em nota o banco. A instituição, no entanto, mantém a previsão de alta de 1,10% para o PIB de 2018. Já a projeção atual do BCl para a atividade doméstica em 2018 é de avanço de 1,4%.
“O resultado (do IBC-Br) é importante e vai reforçando a ideia de que o terceiro trimestre será melhor que os anteriores.
Os dados de atividade do período indicam isso”, disse o economista do Itaú Unibanco, Artur Passos.
PIS/Pasep. Conforme o economista, a indicação é que os dados de atividade de agosto foram influenciados pela liberação dos recursos do PIS/Pasep.
Por ora, o banco mantém estimativa de crescimento de 0,6% para o PIB do terceiro trimestre.
“Contudo, esse desempenho não muda a visão de que a retomada ainda continua fraca”, disse Passos.
“Apesar da sinalização de um terceiro trimestre melhor, ainda há fatores que limitam a retomada.
O desemprego segue elevado, as empresas estão arrumando a situação financeira”, disse Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências.
Para a consultoria, o crescimento do terceiro trimestre deve ficar em 0,3% e do ano, 1,20%.
Para a economista Natalia Cotarelli, do banco ABC Brasil, a maioria dos indicadores surpreendeu positivamente em agosto, mas por conta de efeitos pontuais que não altearam o cenário de retomada da economia ainda lenta. “Se os dados de setembro vierem melhores, podemos elevar a estimativa para o ano, mas acho difícil. Há uma recuperação ainda modesta do mercado de trabalho e a confiança de empresários e consumidores está baixa”, afirma Natalia.
O banco trabalha com projeção de 0,3% de alta para o terceiro trimestre e de 1% para o ano.
Na opinião da economista, só a definição eleitoral já poderá permitir um crescimento maior do PIB em 2019, para o qual espera 2,5%. (Reprodução/O Estado de SP)