Guedes critica Bancos Centrais: ‘dormiram ao volante’

Publicado em: 07 dez 2021

Campo Grande (MS) – O ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a atuação de Bancos Centrais e Tesouros Nacionais de todo mundo no combate à inflação. Ele afirmou que os preços de bens e serviços nos mercados globais estiveram “calmos” por duas ou três décadas, quando não houve moderação de Bancos Centrais ou dos Tesouros avaliando a política fiscal, diferente do momento atual de disparada de preços.

— Enquanto isso, os Bancos Centrais e Tesouros estão achando que estão fazendo um grande trabalho. Vão descobrir brevemente que dormiram ao volante – afirmou o ministro durante evento do Tesouro Nacional nesta segunda-feira.

Em sua avaliação, a inflação mundial não se manifestou por um problema de equilíbrio geral. Ele citou o ingresso de 3,7 bilhões de eurasianos nos mercados de trabalho globais, o que teria cegado os radares das autoridades monetárias, pois afetou salários e a oscilação de preços em todo o mundo.

O ministro faz essa relação com eurasianos com frequência. Ele usa a expressão para se referir às mudanças promovidas pela China em seu processo de abertura ao mercado.

Ele disse que deixava essa provocação para o conferencista do evento, o economista John Cochrane, especialista em economia financeira e macroeconomia e ex-professor da Universidade de Chicago.

Guedes também citou o Teorema da Equalização do Preço dos Fatores (quando preços de mercadorias e de capital e trabalho se igualam a medida que países caminham para o livre comércio) ao afirmar que os Bancos Centrais de países avançados se beneficiaram da globalização.

A crítica genérica de Guedes às autoridades monetárias vem na esteira de um período de elevação global na inflação. No Brasil, a alta nos preços já está em 10,3% nos últimos 12 meses e vem forçando o Banco Central a promover seguidas elevações da taxa básica de juros, a Selic, para conter os preços.

Apesar de Guedes não citar nominalmente o presidente do BC, Roberto Campos Neto, este vem seguidamente apontando o risco na condução da política fiscal como um fator complicador para a persistência da inflação elevada.

Fonte: O Globo

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