Campo Grande (MS) – A indefinição quanto a tabela do frete deve estimular ainda mais o uso de hidrovias e ferrovias para escoar a produção agrícola de commodities como a soja e o milho em Mato Grosso do Sul. A avaliação é do secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.
Verruck disse na segunda-feira (17), durante a abertura nacional do plantio da safra de soja, na fazenda Jaraguá, em Terenos, que a questão da tabela do frete causa insegurança e representa um aumento dos custos para o setor produtivo. “Isso deixa ainda mais claro, que quanto mais distante do porto, maior vai ser a importância da tabela do frete, daí a importância de outras alternativas”, diz ele.
No estado, o secretário aponta como uma das principais opções o uso da hidrovia do rio Paraguai, com os portos de Porto Murtinho e de Ladário. Ele explica que a quebra da safra argentina representou uma janela de oportunidade para o uso do terminal de Porto Murtinho para embarcar a oleaginosa sul-mato-grossense para atender a demanda do vizinho de Mercosul.
“Depois de 8 anos foi reaberto o porto e por lá devem ser escoadas 460 mil toneladas esse ano e a meta para o próximo é de mais 700 mil toneladas, mas vai precisar de investimentos. O interesse do mercado argentino pela continuidade dessas aquisições é tão forte, que três empresas do país têm projetos para instalarem portos em Porto Murtinho. Elas já compraram as áreas da barranca do rio e já entraram com pedidos de licenciamento. Duas são industrias argentinas, não são trades. Elas vão comprar a soja para processar”, explica.
Com a grande demanda pelo escoamento da produção, Verruck diz que a opção foi começar a usar também o porto de Ladário. Para o próximo ano ele revela que o produtor deve ganhar a opção de importar fertilizantes da Argentina e descarregá-lo em um dos dois terminais do estado. “A hidrovia passou a ser uma excelente opção para levar o produto até a Argentina. O que estamos discutindo agora é como utilizar a hidrovia para levar a soja de Mato Grosso do Sul até a China e outros países, utilizando o transbordo em Nova Palmira [porto uruguaio que tem saída para o oceano Atlântico]”, revela.
Outro modal que ganha mais espaço no estado, conforme o secretário é o ferroviário. “Nós estamos conseguindo viabilizar o uso da ferrovia no trecho entre Santos (SP) e Santa Cruz de La Sierra – Bolívia [Ferrovia Transamericana]. Na semana passada fizemos o primeiro embarque de ureia, em Santa Cruz, com o desembarque em Bauru (SP). Houve agora a PPI [inclusão deste trecho da Rumo Malha Oeste no Plano Nacional de Logística, do governo federal, que passa a ser prioridade nacional, com a concessionária Rumo Logística, tendo seu contrato prorrogado]. Isso vai causar um impacto direto”, comenta.
No norte do estado, Verruck lembra que a Rumo reabriu e ampliou este ano a capacidade do terminal ferroviário de Chapadão do Sul. A previsão é que esse ano sejam escoadas pela estrutura, que atende não somente os produtores do norte do estado, mas também os do sul de Mato Grosso e de Goiás, 1,2 milhão de toneladas de grãos, que podem passar, com a melhoria da malha viária, 2 milhões de toneladas.
“Neste momento em que estamos, a própria pressão pelo preço do frente acaba viabilizando e estimulando as outras modalidades logísticas. É aquilo que falamos várias vezes. Uma saca de soja produzida em Guia Lopes da Laguna, por exemplo, custa R$ 2 a menos, do que uma de Maracaju, porque a de Guia Lopes está mais próxima do porto de Porto Murtinho”, concluiu.