Campo Grande (MS) – O estado de Mato Grosso do Sul recebeu, sozinho, mais da metade dos investimentos, públicos ou privados, destinados a obras de infraestrutura da Região Centro-Oeste. Atualmente, são R$ 10,24 bilhões investidos em projetos em andamento nos estados de MS, Mato Grosso e Goiás. Deste montante, R$ 5,71 bilhões estão aplicados somente no estado sul-mato-grossense. Os dados foram coletados pela Neoway – uma plataforma de inteligência de negócios que monitora investimentos de fontes públicas e mercadológicas – e contabilizaram todos os investimentos entre 2018 e 2023. A empresa coletou e organizou os números sobre o mercado de infraestrutura no Brasil inteiro.
No período analisado, MS teve R$ 3,52 bilhões investidos em obras no setor industrial, principalmente nas áreas de papel e celulose; outro R$ 1,94 bilhão está destinado a projetos em transportes e vias urbanas; além de R$ 130 milhões em obras de energia e mais R$ 130 milhões para saneamento.
Segundo o titular da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, algumas das principais obras em andamento concentram-se nas rodovias. “O foco do governo do Estado, em infraestrutura, é o Fundersul [Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário do Estado de Mato Grosso do Sul], que é um recurso anual estimado em R$ 800 milhões. Todo esse recurso está sendo usado na questão viária, como recomposição de novos asfaltos, estradas vicinais preservadas, entre outros. Mas, em muitos casos, dependemos de recursos federais”, destaca.
Verruck cita as atuais obras de duplicação da BR-163, além da recuperação de trechos da BR-262. “Nos próximos dias, já devem começar os trabalhos para 34 pontos previstos de terceira pista na BR-262, o que é algo fundamental até para o escoamento da indústria de celulose, já que passa por Três Lagoas”, prevê.
Além disso, na última semana, aponta, foram feitos os primeiros 50 quilômetros da BR-419, que conecta Rio Verde e Aquidauana. “A expectativa é de que as obras continuem até chegar em Aquidauana”, define.
No setor industrial, os investimentos em infraestrutura incluem indústrias no setor de celulose e papel (Fibria e Eldorado) e a construção de uma fábrica de minero-industrial (cimento) em Bela Vista, estimada em R$ 750 milhões. Já na geração de energia, MS tem construção de quatro Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) – duas já estão em estágio final e outras duas estão iniciando as obras.
Previsão
O levantamento da Neoway também catalogou todas as obras de infraestrutura previstas para o período de 2018 a 2023 em Mato Grosso do Sul. No total, esses projetos, que ainda não saíram do papel, somam R$ 9,37 bilhões. Deste montante, contudo, apenas 6%, cerca de R$ 640 milhões, já têm previsão do início das obras; os outros 94% (R$ 8,74 bilhões) constam apenas como “intenção”.
Do total de R$ 9,3 bilhões previstos, a maior parte seria no setor da indústria, um valor estimado em R$ 6,2 bilhões ainda na intenção ou o equivalente a 66,3%.
“Estas obras podem ou não acontecer, mas têm probabilidade”, explica Cristina Penna, CMO e diretora de Construção Civil da Neoway. Ela destaca que o cenário de espera é verificado em todo o Brasil. “Lembramos que estes investimentos estão estimados na infraestrutura. Mas, diante do cenário de eleições, é muito provável que estejam em compasso de espera neste momento”, enfatizou a executiva.
“Temos a construção de uma ponte entre Porto Murtinho e Paraguai já no orçamento do ano que vem. Além dos investimentos no porto de Porto Murtinho, construção de novos terminais portuários, já com área adquirida”, ressalta Jaime Verruck, sobre os projetos previstos. Para o secretário da Semagro, investir em infraestrutura é essencial para soluções logísticas de Mato Grosso do Sul. “O Estado precisa de intermodalidade, ou seja, usar rio, ferrovia e rodovia para escoamento de produção”.
Brasil
No País, a previsão é de R$ 719,2 bilhões em investimentos. O valor destinado às obras em projeto e intenção, incluindo as sem data para início, é de R$ 627,6 bilhões, número 2,5% maior do que o esperado entre 2017 e 2022.
O setor de transportes e vias urbanas continua sendo o que mais recebe aportes no Brasil, concentrando 48,9% do montante total no período de 2018 a 2023.
De maneira geral, a Região Sudeste permanece com a maior concentração dos investimentos em obras em andamento, com 34,4%. Na sequência estão o Nordeste (30,6%), Centro-Oeste (11,2%), Sul (9,7%) e Norte (3,0%).
“Com as informações que podem ser extraídas da plataforma, é possível fazer um acompanhamento perfeito da evolução do setor. Fato que permite às empresas tomarem decisões mais assertivas para seu negócio”, comenta Cristina. O estudo divide a área de infraestrutura em seis categorias principais: energia, saneamento, indústria, infraestrutura esportiva, transporte e óleo & gás.