Campo Grande (MS) – O aumento nas exportações de soja e celulose, acrescido do cenário de valorização do dólar perante o real, ajudou a balança comercial de Mato Grosso do Sul a fechar os sete primeiros meses deste ano com superávit superior a US$ 2 bilhões. O valor representa uma alta de 40,02% aos US$ 1,43 bilhão registrados no mesmo período do ano passado.
Os valores constam na Carta de Conjuntura, elaborada pela Coordenadoria de Economia e Estatística da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), elaborada com informações do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). As exportações de janeiro a julho deste ano totalizaram US$ 3,541 bilhões, ante US$ 1,525 bilhão em exportações –incluindo a compra de gás natural da Bolívia.
A diferença, que representa o superávit, foi de US$ 2,01 bilhões até julho. No mesmo período do ano passado, o total apurado foi de US$ 1,43 bilhão.
“Desde março temos um crescimento contínuo no saldo das exportações, com destaque para a soja em grão, nosso principal produto. Decorre do aumento do volume de produção do ano passado, quando tivemos mais uma safra recorde. Ao mesmo tempo, a celulose apresenta um dos maiores crescimentos de vendas devido à abertura da nova fábrica (em Três Lagoas), em setembro do ano passado. Isso significa que até setembro a celulose vai aparecer com crescimento elevado de exportações, depois estabiliza”, explicou Jaime Verruck, titular da Semagro.
As exportações de soja subiram de US$ 1,12 bilhão para R$ 1,44 bilhão na comparação dos sete primeiros meses de 2017 e 2018, alta de 28,68%. Já as vendas de celulose tiveram alta de 104,64%, saltando de US$ 536 milhões para US$ 1,09 bilhão.
A alta mais expressiva, porém, veio da venda de óleos e gorduras vegetais: 107,27% (de US$ 60 milhões para US$ 125 milhões). Também aumentaram as vendas de minério de ferro (53,9%, de US$ 57 milhões para US$ 89 milhões) e milho em grão (48,79%, de US$ 28 milhões para US$ 41,8 milhões).
Quedas – Por outro lado, dois produtos registraram quedas consideráveis, embora os números não representem proporcionalmente o grau de preocupação com tais vendas. No caso do açúcar, a queda foi de quase 70%: as vendas caíram de US$ 259 milhões para US$ 77,8 milhões.
Verruck afirma que se trata de uma questão de conjuntura externa devido a alta na oferta do produto, “por isso o empresário prefere direcionar para o mercado interno”, afirmou, não mostrando preocupação com a baixa. Em relação à carne de aves, porém, a baixa de 19,5% nas vendas é vista com apreensão.
As exportações de aves caíram de US$ 187,8 milhões para US$ 141 milhões na comparação entre os meses de janeiro e julho de 2018 e 2017, na esteira das restrições impostas pela União Europeia para o produto brasileiro. “E não há demanda interna crescente, isso preocupa no médio e longo prazo toda a cadeia produtiva de aves”, disse o secretário.
Quanto às compras externas, o gás natural boliviano segue como principal insumo da indústria local: foram US$ 809,9 milhões em aquisições, o que representa 53,09% das compras nos sete primeiros meses deste ano –no mesmo período em 2017, a compra de gás somou US$ 582 milhões. Tecidos (6,09%, Us$ 92,9 milhões), produtos químicos (5,91%, ou US$ 90 milhões) e máquinas e equipamentos mecânicos (5,36%, US$ 81,7 milhões) são destaques.
Destino – A China continua a ser o principal comprador de produtos brasileiros no exterior, com ênfase na soja e na celulose. A participação nas compras chinesas subiu de 42,34% para 52,47% –as exportações somaram US$ 1,85 bilhão.
A Argentina segue como o segundo principal cliente do Estado, elevando a fatia de compras de 6,24% para 7,13% (perfazendo US$ 252 milhões). Segundo Jaime Verruck, a reativação do terminal portuário de Porto Murtinho, com embarques escoados pelo rio Paraguai, teve influência direta nos números.
Itália, Holanda, Hong Kong, Irã, Chile, Estados Unidos, Uruguai e Tailândia completa a lista dos dez principais compradores de produtos do Estado, com negócios que somam US$ 2,88 bilhões.
Três Lagoas segue como o principal polo produtivo do Estado, graças sobretudo à concentração de indústrias de celulose. As exportações a partir da cidade somaram US$ 1,17 bilhão, ou 50,52% das vendas externas do Estado. Na sequência aparecem Campo Grande (8,5%, ou US$ 197 milhões), Corumbá (7,06%, US$ 163,9 milhões), Dourados (5,92%, US$ 137,6 milhões) e Chapadão do Sul (3,27%, 76 milhões).