Suspensão de embargo pode favorecer a habilitação de novos frigoríficos

Publicado em: 24 mar 2023

Campo Grande (MS) – O governo chinês decidiu na quarta (23), por levantar o embargo à carne bovina brasileira. As importações do Brasil estavam suspensas desde fevereiro, após a confirmação de um caso isolado e atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina – mal da “vaca louca”, identificado em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA). Com a decisão, o valor da arroba tende a aumentar e o preço da carne permanecer em alta, em Mato Grosso do Sul. Vale destacar que, no ano passado, o Estado exportou 61.540 toneladas de carne bovina para a China. 

Desde a descoberta do caso, o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) vem trabalhando com transparência e tomando todas as providências necessárias, conforme protocolo de importação internacional. Após a reunião com o ministro da GACC (Administração Geral da Aduana Chinesa), Yu Jianhua, ficou decidida a liberação. 

O ministro do Mapa, Carlos Fávaro, anunciou a suspensão do embargo e afirmou que a decisão da retomada amplia a esperança, nas vésperas da visita presidencial, de uma ampliação do número de plantas frigoríficas autorizadas em exportar para a China. “Tenho certeza de que isso é um passo para que o Brasil avance cada vez mais, com o credenciamento de plantas e oportunidades para a pecuária brasileira”, destacou. 

Sobre os benefícios que a medida pode trazer ao Estado, o economista Enrique Duarte cita que, com a retomada da demanda, outros países irão acompanhar a China. “Teremos novamente o aumento das exportações de carne para o mercado externo. Isso beneficiará diretamente aos produtores locais, pois receberão em moeda forte e, por consequência, tendem a ganhar mais com isso”, disse. 

Mesmo assim, pontua, que os reflexos de um aumento nas exportações pode impactar no mercado local, alterando os preços, pela diminuição da oferta.

“Além disso, talvez, nem necessite contratar mais para aumentar estas exportações, pelo fato de que já estavam fazendo antes do surgimento do mal da “vaca louca”, de forma isolada, no Estado do Pará. A consequência disso é a diminuição da oferta de carne no mercado interno, isso poderá ocasionar o aumento dos preços da carne no mercado brasileiro, pela diminuição do produto no país, justo no momento em que os preços estavam caindo. Reverter essa tendência de elevação, não é vislumbrado no momento”, explica o economista.

Arroba do boi  

Segundo o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Guilherme Bumlai, o valor da arroba vai aumentar, mas irá depender da demanda interna. “No MS, temos três frigoríficos nos municípios de Iguatemi (Agroindustrial), outro em Rochedo (Naturafrig) e outro em Aparecida do Taboado (FrigoSul), que são habilitados à exportação para o mercado chinês, que retomarão os abates e garantir uma melhora nos valores pagos aos produtores. Desta forma, temos que analisar como o cenário vai se comportar. Contudo, a carne bovina já está com o preço elevado, então a previsão é que permaneça com o mesmo valor ou aumente um pouco mais. Porém, não é prevista uma disparada no preço, em Mato Grosso do Sul”. 

O presidente do Sicadems (Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados do Estado de Mato Grosso do Sul), Sergio Capuci, também pontuou que é muito cedo para fazer as previsões de que o valor da arroba vai subir ou da própria venda da carne no mercado. “No entanto, não vejo margem para a arroba do boi abaixar. Porém, ainda não é possível saber se o valor do boi vai aumentar. Daqui a duas semanas, vamos analisar e saber como o mercado vai se comportar. A tendência seria realmente o preço do boi estabilizar, mas não vejo o preço explodir, no setor. Já a carne, no mercado interno, para disparar, é preciso um estudo, pois existe o limitador, que é o poder aquisitivo. Sendo assim, não vejo muito esse cenário. Todo mercado que abre tem uma instabilidade, que pode ser no preço do boi”, finaliza o presidente. 

Além disso, o secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, afirma que, com a suspensão do embargo à importação de carne bovina para China, o esforço agora será concentrado em ampliar o credenciamento de novas plantas frigoríficas, da cota-China. 

“Temos uma lista, hoje, de mais de 100 frigoríficos, buscando o credenciamento para o boi-China. É importante, também, agora, com essa visita do presidente Lula, que a China amplie esse número de frigoríficos credenciados, o que favorecerá a pecuária sul-mato-grossense, tanto na participação no mercado, como e, principalmente, na remuneração ao produtor”, relatou o secretário. 

Entenda

Por meio de nota, o Ministério da Agricultura e Pecuária informou, no dia 22 de fevereiro, que está adotando todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras. “O animal, criado em pasto, sem ração, foi abatido e sua carcaça incinerada no local. O serviço veterinário oficial brasileiro está realizando a investigação epidemiológica, que poderá ser continuada ou encerrada, de acordo com o resultado”. 

Desta maneira, seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China foram temporariamente suspensas a partir do dia 23 de fevereiro. “No entanto, o diálogo com as autoridades está sendo intensificado, para demonstrar todas as informações e o pronto restabelecimento do comércio da carne brasileira”. 

Após ser analisado pelo laboratório de referência da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), foi confirmado que mal da “vaca louca” era atípico. 

Desta forma, por se tratar de um caso assim, ou seja, que ocorreu por causas naturais em um único animal macho, de 9 anos de idade e com todas as providências sanitárias adotadas prontamente, o Ministério da Agricultura e Pecuária está tomando providências, com todos os protocolos sanitários, para que as exportações da carne bovina brasileira sejam restabelecidas o mais breve possível.

Fonte: O Estado

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