Campo Grande (MS) – Três acordos assinados ontem pela Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) com as empresas Camaçari RJ, MSGás e Hinove Agrociência S.A. para a execução de projetos nas áreas de geração de energia e fornecimento de gás natural e ureia, respectivamente, vão tirar do papel a Usina Termelétrica (UTE) Fronteira, de Ladário, que tem investimentos previstos de R$ 900 milhões, e viabilizar o ramal de gás construído na década de 1990 no município.
Os acordos foram assinados em um ato em Santa Cruz de La Sierra, com a presença do presidente Evo Morales e do ministro dos Hidrocarbonetos, Luis Alberto Sánchez. “Esses documentos são assinados com a expectativa de avançar para possíveis contratos comerciais futuros e acordos que garantam rendimentos mais elevados para o país e bem-estar dos bolivianos”, disse o presidente da YPFB, Oscar Barriga, de acordo com um boletim da empresa estatal de petróleo.
Segundo o diretor-presidente da MSGás, Rudel Trindade, que participa das negociações com o país vizinho, a assinatura dos termos representa a garantia do fornecimento de diferentes fontes de energia para Mato Grosso do Sul e demonstra a forte ligação com a Bolívia, a qual se estreitou nos últimos anos. “A presença do presidente Evo Morales por si já mostra o forte elo que temos com a Bolívia e a importância do nosso mercado para eles. Essa boa relação deve-se ao trabalho do governo nos últimos quatro anos, que pretende executar outros projetos estratégicos com a Bolívia”, explanou.
Com a assinatura dos acordos, a UTE Fronteira tem garantidos o suprimento de gás natural e a sociedade com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos, estatal petrolífera boliviana que entrará também na realização do projeto, localizado em Ladário. O acorde prevê o fornecimento de 1,2 milhão de m³/dia, com capacidade de ampliação para 2,5 milhões de m³/dia, por 25 anos, a partir do ano de 2025.
Para o diretor de Novos Negócios da Global Participações em Energia (GPE), Valfredo Ribeiro, o acordo abre um novo cenário de alento para a implantação do projeto, de R$ 900 milhões, além de garantir a participação no leilão de energia em 2019, em condições bastante competitivas. “Esse memorando de entendimentos sinaliza uma parceria entre a YPFB para implantação da UTE Fronteira. A partir dele, a YPFB assume o compromisso de fornecer gás para o projeto e, em contrapartida, passa a fazer parte dos investimentos, ou seja, deve ser também uma sócia. Tudo isso nos dá um novo cenário e praticamente garante nossa participação no leilão de energia em 2019, que acontecerá no fim do primeiro semestre. Daí sim, esse projeto, que trará investimentos significativos para a região da fronteira entre Brasil e Bolívia, começará a virar realidade”, pontuou.
Outro acordo realizado entre os dois países foi a exportação de ureia para o Brasil. Com o memorando, fica garantida a compra da substância de 2019 a 2028, no volume total de 1.150.000 toneladas. Em contrapartida a empresa Hinove Agrociência vai fornecer tecnologia para melhorar a qualidade da ureia da YPFB. “Com essa parceria, iremos garantir um ganho de U$ 10 a mais para as duas empresas”, acrescentou o diretor da Hinove, Renato Benatti.
Chamada Pública
O encontro ontem, na Bolívia, também deu continuidade às negociações para o suprimento de gás natural às distribuidoras da região centro-sul do Brasil – MSGás, SCGás, SUL, Compagás e Gás Brasiliano –, que atualmente realizam uma chamada pública coordenada para o suprimento de gás. O acordo estabeleceu um marco geral de cooperação para o desenvolvimento de estudos e o intercâmbio de informações a fim de que a YPFB participe do processo.
Está prevista para o meio de janeiro uma reunião com os presidentes das concessionárias participantes do processo. “Eles consideram muito o mercado brasileiro e têm todo interesse em participar dessa chamada pública, que trata de um consumo de volume gigantesco, de 10 milhões m³/dia de gás natural”, finalizou.