MS teve maior geração de empregos desde 2004

Publicado em: 27 ago 2021

Campo Grande (MS) – Com 3.873 vagas de trabalho geradas em julho, Mato Grosso do Sul registrou o melhor saldo de empregos para o mês de toda a série histórica, iniciada em 2004. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), foram 22.272 contratações e 18.399 desligamentos.

Assim como em junho, no mês passado o setor terciário puxou a geração de empregos em MS. O comércio apresentou saldo de 1.438 vagas, e os serviços foram responsáveis por 1.339 postos formais, seguidos por construção (422), indústria (407) e agropecuária (267).  

O doutor em Economia Michel Constantino explica que os segmentos têm apresentado dados positivos neste ano. 

“Comércio e serviços foram os mais impactados na pandemia e, agora, estão mostrando recuperação com relação ao emprego. Ainda temos instabilidade política e econômica no Brasil e no mundo, mas estamos chegando em um período positivo da economia, que é o fim do ano”, afirma.  

A economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio (IPF-MS) Regiane Dedé de Oliveira diz que, aos poucos, a atividade econômica é retomada. “Acredito que estamos recuperando aos poucos a nossa economia”.

spinner-noticia

– Arquivo/Correio do Estado

EM 2021

O Estado registrou mais contratações do que demissões em todos os meses deste ano. No acumulado, de acordo com os dados divulgados ontem, foram 156.841 contratações e 125.425 desligamentos, saldo de 31.416 postos formais. No mesmo período do ano passado, MS registrava 270 empregos formais.

Nos sete meses de 2021, o setor de serviços foi o que mais gerou vagas. Foram 13.134 empregos formais, na sequência estão comércio (7.572), indústria (4.606), agropecuária (3.484) e construção (2.620).

Em entrevista publicada ontem pelo Correio do Estado, o secretário de Estado de Infraestrutura, Eduardo Riedel, destacou que o avanço da vacinação possibilita a recuperação das atividades econômicas.

“Os números de geração de empregos do primeiro semestre refletem isso: 61% das novas vagas são na área de serviços. Tudo isso só foi possível por conta da vacinação. A vacinação permitiu, em primeiro lugar, uma tranquilidade psicológica para as pessoas, confiança”, avaliou.

“Em segundo lugar, a questão é científica: quem está vacinado tem uma chance muito menor de ser internado se chegar a contrair a Covid-19. A vacinação propicia, sim, um retorno à normalidade”, completou.

Para a economista Daniela Dias, muitas pessoas encontram oportunidades no setor de serviços, tanto para empreender quanto para contratações.  

“É uma característica própria do perfil que temos no Estado: a maior parte dos empregos são gerados pelo comércio de bens e serviços. E o dinamismo que [os setores] têm utilizado para se recuperar tem sido mais intenso. Todas essas características acabam contribuindo com a empregabilidade”, completa.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o volume de serviços em Mato Grosso do Sul cresceu 2,3% de maio para junho, gerando crescimento de 12,9% entre março e junho.

É o patamar mais elevado desde janeiro de 2016. Além disso, o nível se encontra 12,18% acima de fevereiro do ano passado, antes da pandemia. O mês de junho avançou 22,8% em relação a junho do ano passado, a quarta taxa positiva consecutiva. No acumulado do ano, o setor cresceu 13,9%, quando comparado ao mesmo período de 2020.

FUTURO

Analistas apontam que a crise institucional entre os Poderes amplia a percepção de risco dos investidores em relação ao País, o que acaba freando a aceleração econômica e, consequentemente, a geração de emprego.  

“O conflito entre os Poderes atrapalha as expectativas dos empresários e a confiança dos consumidores. Se acalmar esse conflito, será melhor para o mercado e para o País”, analisa Constantino.

“Os setores esperam que a vacinação chegue a 100%, que as reformas no Congresso avancem e a melhora da questão hídrica. Esse conjunto de variáveis é fundamental para uma retomada mais consistente e sustentável na economia e no emprego”, completou.

Pautas como a reforma tributária, pagamento de precatórios e risco de furar o teto de gastos têm influenciado os resultados da bolsa de valores e a cotação do dólar, assim como as projeções econômicas.  

A inflação deste ano se distancia do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 5,25%. Os economistas alteraram a previsão para este ano pela 20ª vez seguida, conforme o Relatório de Mercado Focus, de alta de 7,05% para 7,11%.  

Outro dado que preocupa o mercado financeiro é o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Conforme o relatório, a expectativa para a economia este ano passou de alta de 5,28% para 5,27%. Para 2022, o mercado financeiro diminuiu a previsão de avanço do PIB, de 2,04% para 2,00%.

De acordo com o economista Marcio Coutinho, alcançar a estabilidade político-econômica é o sonho de qualquer país para crescer.  

“Ainda não estamos nessa estabilidade, e, consequentemente, isso atrapalha em uma recuperação mais rápida da nossa economia. A questão é simples: com os investidores não se sentindo seguros com o que pode acontecer politicamente com o País, é natural que eles aguardem o desfecho de algumas situações”, avalia.  

“Enquanto não se resolvem as reformas que têm de ser aprovadas, para destravar alguns gargalos que existem na nossa economia, [a recuperação] não será como a gente gostaria, será um pouco mais lenta. É fundamental que exista essa estabilidade político-econômica para dar segurança aos investidores”, finaliza Coutinho.  

Fonte: Correio do Estado

  • Compartilhar:
  • Facebook
  • Facebook
  • Facebook