Especialista em contabilidade e compliance comenta os desafios e oportunidades da reforma tributária para empresas e profissionais da área
A reforma tributária brasileira traz grandes transformações para empresas, especialmente com a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que substituem tributos como PIS, Cofins, ICMS e ISS. Para a contadora e empresária Priscila, com 18 anos de experiência em contabilidade, especialmente para o setor da construção civil, essas mudanças alteram drasticamente a forma de apuração de tributos e exigem “adaptações significativas” na gestão tributária e no compliance das empresas.A especialista explica que o novo sistema de apuração possibilita que as empresas ampliem suas oportunidades de obtenção de créditos tributários, abrangendo um leque maior de aquisições, incluindo tanto bens quanto serviços. Com essa mudança, as empresas agora podem incluir uma variedade mais ampla de despesas em suas operações diárias para gerar créditos, o que antes era restrito a itens específicos. Isso permite que os negócios melhorem seu planejamento tributário e aproveitem melhor os benefícios fiscais, tornando o processo mais vantajoso financeiramente. Contudo, ela alerta que “a exigência de controles mais detalhados sobre insumos e operações tributáveis” demandará atualização em sistemas de ERP e ferramentas de compliance tributário, além de um rigor maior na gestão fiscal das empresas.
Priscila destaca que as empresas precisarão revisar suas margens de lucro, já que o IBS poderá oferecer vantagens pelo crédito amplo em algumas situações, mas afetará o custo final de produtos e serviços. “O aumento das alíquotas pode ser um fator relevante, especialmente para empresas com margens já reduzidas”, comenta. Dessa forma, as organizações devem se preparar para reavaliar seu planejamento e estratégias fiscais para adequar-se à nova realidade tributária.
Embora a reforma unifique tributos estaduais e federais, simplificando a estrutura fiscal, a especialista observa que haverá desafios regulatórios, como a gestão das alíquotas regionais e setoriais do IBS e a transição para novos regimes de crédito. “Essa unificação pode reduzir a burocracia, mas a transição exigirá atenção aos detalhes e adaptações robustas nos processos internos”, afirma.
Para a contadora, um aspecto essencial da adaptação envolve a implementação de sistemas de gestão com funcionalidades avançadas para compliance e integração fiscal, capazes de atualizar automaticamente alíquotas e códigos fiscais. “Softwares com auditoria integrada ajudam a identificar inconsistências e a aproveitar créditos tributários ao máximo”, destaca. Ela também aconselha a capacitação da equipe contábil em metodologias de controle fiscal automatizado, para manter-se em conformidade com o novo modelo.
Com sua ampla experiência, Priscila reflete que as mudanças na contabilidade tributária sempre demandaram flexibilidade e atualização contínua. “A reforma pode simplificar algumas áreas, mas exigirá investimentos em tecnologia e processos para que a adaptação seja bem-sucedida,” observa. Ao longo dos anos, ela acompanhou evoluções como a transição para regimes não cumulativos e o surgimento de novas obrigações acessórias, o que a capacita a antecipar os impactos da reforma e apoiar seus clientes na transição.
A especialista também destaca que seu conhecimento em regimes como o Simples Nacional e o Lucro Presumido permitirá ajudar pequenas e médias empresas a identificar o regime tributário mais vantajoso após as mudanças, buscando soluções de planejamento fiscal que possam mitigar riscos e maximizar o retorno financeiro.
Ela sugere que empresas menores priorizem a atualização de sistemas e treinamento de equipes, com foco na análise do impacto financeiro da reforma e na otimização do uso de créditos fiscais. “O contador tem um papel crucial em orientar o empresário na compreensão das novas bases tributárias e no controle dos custos tributários”, diz Priscila.
Segundo ela, uma abordagem estratégica da contabilidade vai além da simples apuração dos impostos. Ao revisar contratos com fornecedores e clientes, será possível ajustar cláusulas fiscais que impactam diretamente a precificação e competitividade da empresa. “A contabilidade tributária estratégica é um diferencial que pode fazer a diferença na performance financeira, especialmente em tempos de reforma,” afirma.
Fonte: Jornal de Brasília