Campo Grande (MS) – O deputado Baleia Rossi (MDB-SP) foi o escolhido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) como candidato para representá-lo na disputa para a sucessão da Presidência da Casa. O congressista é presidente do MDB. O anúncio oficial foi feito nesta 4ª feira (23.dez.2020), pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
“Abri mão da minha pré-candidatura. Dei uma passo atrás para o Brasil dar um passo adiante”, disse o deputado, que é do mesmo partido de Arthur Lira (PP-AL), principal oponente do grupo. Aguinaldo agradeceu ao presidente do PSL, Luciano Bivar, e à esquerda. “Essa disputa não é entre pessoas, mas pelo bem do Brasil”, prosseguiu.
Maia falou logo após Aguinaldo. Segundo ele, a decisão de ele “retirar” a pré-candidatura tirou um “peso” dos seus ombros de escolher entre um e outro. “A decisão dele tira de mim um peso de decidir”, afirmou. “O líder Aguinaldo foi meu braço direito nesses anos todos”, prosseguiu.
O desafio de Baleia, segundo Maia, é o de unificar o grupo em torno do atual presidente da Câmara. “Baleia agora tem que dialogar com todos os partidos para unificar cada vez mais o nosso bloco”, pregou.
PROTAGONISMO
Em sua primeira fala como candidato à presidência da Câmara, Baleia Rossi disse que Maia foi responsável por garantir o “protagonismo” da Câmara nos últimos anos. “Não sou mais candidato apenas do meu partido. O que nos une nesse momento é a defesa intransigente da nossa democracia”, afirmou.
Ao final do anúncio, Baleia pregou o que deve ser o mote da sua campanha contra Arthur Lira, que é próximo a Jair Bolsonaro. “A Câmara livre, a Câmara independente é o melhor para o futuro do nosso país”, concluiu.
Nem Maia, nem Baleia, nem Aguinaldo responderam às perguntas da imprensa após o anúncio.
PROCESSO DECISÓRIO
A escolha por Baleia, segundo aliados de Maia, veio após um grupo de aproximadamente 15 deputados do DEM se revoltar com o que seus participantes chamaram de “excesso de protagonismo” dos petistas na escolha. O partido juntou-se ao grupo de Maia, mas tinha resistências ao nome de Baleia, por ser próximo a Michel Temer (MDB), prócere do impeachment de Dilma Rousseff.
Houve ameaça de que o grupo debandasse para a candidatura de Arthur Lira (PP-AL), que conta com o apoio dos partidos do Centrão e do Presidente Jair Bolsonaro.
O outro cotado para a candidatura era Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Ele, porém, não tinha apoio nem do próprio partido. A sigla está fechada com Lira.
Maia aglutinou um bloco que, se todos os candidatos votarem conforme a orientação da legenda, reúnem 268 votos. Seria mais que os 257 necessários para eleger o candidato.
Os partidos são: PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PC do B, Rede. Ainda não está claro se haverá um único candidato no bloco. Os partidos de esquerda cogitam lançar um nome no 1º turno das eleições e votar em Baleia no 2º turno, caso o candidato próprio não prospere.
O grupo se aglutinou em torno do bloco de Rodrigo Maia porque a outra candidatura viável é a de Arthur Lira. Ele se aproximou de Jair Bolsonaro ao longo de 2020. É o candidato favorito do Planalto. Também é o principal líder do bloco conhecido como Centrão.
Demonstraram apoio a Lira partidos que somam 204 votos. São eles: (PL, PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante, Patriota).
O anúncio da candidatura de Arthur Lira, em 9 dezembro, aumentou a pressão para que Maia anunciasse logo seu candidato. A comunicação foi adiada algumas vezes.
STF PROIBIU REELEIÇÃO
O atual presidente da Câmara foi proibido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de se candidatar novamente ao cargo. Ele está à frente da Casa desde 2016. Maia nega ter tido a intenção de concorrer novamente.
O grupo de Rodrigo Maia começou com 6 possíveis candidatos. Além de Baleia e Aguinaldo concorriam à benção de Rodrigo Maia Luciano Bivar (PSL-PE), Elmar Nascimento (DEM-BA), Marcelo Ramos (PL-AM) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Ramos e Pereira deixaram o grupo e fecharam apoio a Arthur Lira.
Baleia sofreu resistências do PT no início. Deputados do partido se sentiam desconfortáveis com a proximidade dele com Michel Temer, a quem acusam de ter aplicado um golpe contra Dilma Rousseff para chegar à presidência da República.
A eleição da Câmara será em fevereiro de 2021. O vencedor terá mandato de 2 anos.
Ter um aliado à frente da Casa é importante para o Planalto porque é prerrogativa do cargo escolher os projetos que serão votados pelos deputados.
Se o governo quiser afrouxar a legislação sobre armas, por exemplo, a proposta só sai do papel se os presidentes da Câmara e do Senado pautarem os textos.
Fonte: Poder 360