Campo Grande (MS) -A maioria dos servidores públicos de Mato Grosso do Sul poderá se aposentar antes dos demais trabalhadores caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na semana passada, mostra que no Estado, de cada 10 servidores, quatro têm o direito de se aposentar antes dos 65 anos.
Pelo critério da idade, um trabalhador urbano da iniciativa privada se aposenta com 65 anos, se for homem, ou 60, no caso das mulheres. No entanto, quase 20 mil dos 75 mil servidores estaduais podem se aposentar antes disso em Mato Grosso do Sul. São policiais civis e militares, bombeiros e professores que têm direito à aposentadoria especial. “Hoje, você tem uma base – composta pelos ativos – que sustenta os inativos, e a tendência é inverter o processo. Então, isso é preocupante, porque com certeza a Previdência vai se transformar num deficit maior. É por isso que tem de se fazer um ajustamento”, defende o secretário de Administração e Desburocratização, Roberto Hashioka.
Em todo o País, a regra especial beneficia 56% dos servidores estaduais, o que corresponde a 1,3 milhão de pessoas do total de 2,45 milhões de funcionários.
Além disso, quem trabalha no serviço público recebe, na maior parte dos casos, salários e aposentadorias maiores. Na comparação com o setor privado, a previdência estadual em Mato Grosso do Sul paga mais que o triplo para os aposentados, enquanto que pelo INSS, a aposentadoria em média é de R$ 2.246,06; na Previdência estadual, o valor é de R$ 7.207,49, conforme dados da Secretaria de Estado de Administração e Desburocratização (SAD). “O nosso grande desafio é aumentar a produtividade tanto na iniciativa privada quanto no serviço público, de forma que possa acompanhar a evolução da longevidade, para que a gente possa aproveitar melhor os atributos das pessoas. Senão você gera um hiato: pessoas vivendo mais e produzindo menos”, considera Hashioka.
Conforme o secretário, os números reforçam a importância dos debates em torno da reforma da Previdência, vista como necessária e urgente.
Favorável
Presidente de dois consórcios de governadores (Brasil Central e Codesul), o governador Reinaldo Azambuja é um dos grandes defensores de uma mudança que acabe com privilégios. “Essa reforma não é feita para o governo, ela é feita para o País. E se não tiver uma mobilização da sociedade organizada para que a gente possa melhorar a equação do déficit previdenciário, vamos continuar privilegiando alguns em detrimento de todos”, disse.