Campo Grande (MS) – Mato Grosso do Sul já tem um protocolo para tratar eventuais suspeitas de coronavírus. Nota informativa da Diretoria Geral de Vigilância em Saúde de Mato Grosso do Sul, dirigida às autoridades de saúde dos 79 municípios, aponta que a doença é transmitida de pessoa para pessoa pelo ar (secreções aéreas do paciente infectado) ou por contato pessoal, com secreções contaminadas.
“Na maior parte dos casos, a transmissão é limitada e se dá por contato próximo, ou seja, qualquer pessoa que cuidou do paciente, incluindo profissionais de saúde ou membro da família; que tenha tido contato físico com o paciente; tenha permanecido no mesmo local que o paciente doente”, informa a nota técnica.
O documento foi distribuído a menos de um mês do Carnaval, época de grande aglomeração de pessoas. Ainda não há recomendações das autoridades de saúde do Estado e do município de Campo Grande, sobre procedimentos a serem adotados durante o período festivo. “Ainda não há o que fazer”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende.
A nota técnica também informa aos profissionais de saúde do Estado que o período de transmissibilidade da doença é de sete dias em média, após o início dos sintomas. “No entanto, dados preliminares do Novo Coronavírus (2019- nCoV) sugerem que a transmissão possa ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas.”
O documento também orienta os profissionais a distinguirem os sintomas, que são aqueles mesmos já divulgados: febre, tosse e dificuldade para respirar.
Protocolo
O protocolo leva em considerações três situações para avaliação dos suspeitos: a primeira, febre, e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) e histórico de viagem para áreas de transmissão nos últimos 14 dias. A segunda situação é para pessoas que permaneceram no Brasil, mas tiveram contato nos últimos 14 dias, com pessoas que viajaram para áreas de transmissão.
A terceira situação já envolve um ultimo cenário, em que os sintomas são parecidos, mas com contato próximo de pessoas com casos confirmados de coronavírus nos últimos 14 dias, em território brasileiro.
O documento da Secretaria de Saúde também orienta o profissional de saúde ao ter contato com os pacientes com suspeita da doença. Eles devem usar equipamento de proteção individual (EPI) adequado, que inclui luvas descartáveis, avental e proteção para os olhos ao manusear amostras potencialmente infecciosas. Também devem usar máscara N95 durante procedimento de coleta de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro).
O Laboratório Central de Mato Grosso do Sul ficará responsável pelas análises. Testes para influenza, gripe, serão feitos antes dos testes de coronavírus.
No Brasil
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta orientou que as pessoas evitem viajar para a China, onde o vírus se originou. “Nós desaconselhamos e não proibimos as viagens para a China. Não se sabe, ainda, qual é a característica desse vírus que é novo; sabemos que ele tem alta letalidade. Não é recomendável que a pessoa se exponha a uma situação dessas e depois retorne ao Brasil e exponha mais pessoas. Recomendamos que, não sendo necessário, que não se faça viagens, até que o quadro todo esteja bem definido”, explicou. Até quinta-feira (29) eram nove casos suspeitos no Brasil, nenhum em Mato Grosso do Sul.
Ações de higiene comuns para evitar outros vírus também são válidas para o coronavírus. “Lavar as mãos, evitar espirrar e tossir sem proteger a pessoa que está na sua frente, evitar tocar nos olhos, nariz, boca e evitar tocar pessoas que estejam doentes, pode prevenir. Além disso, é sempre bom ficar em casa se estiver doente para não expor outras pessoas. São orientações típicas de prevenção de vírus”, declarou Mandetta, anteriormente.
Para o titular da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande, José Mauro de Castro Filho, a situação é complexa e bastante nova para as autoridades. “Estamos seguindo as recomendações do ministério. São estratégias como a do surto de ebola”, ressaltou o secretário, citando o surto do vírus que circulou entre 2014 e 2015.
Pelo Mundo
Os primeiros casos da doença foram registrados no fim de 2019 na China. Já há casos na Coreia do Sul, Japão, Cingapura, Vietnã, Tailândia, Nepal, Malásia, Austrália, Estados Unidos, Canadá e França. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até a manhã desta quinta-feira (30) foram confirmados 7.736 casos do novo coronavírus, batizado 2019-nCoV, em todo o mundo. A maior parte na China.
O que é?
O coronavírus é um novo vírus que tem causado doença respiratória pelo agente de mesmo nome. Esse vírus faz parte parte de uma grande família viral, conhecida desde a década de 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais.
Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderadas, semelhantes a um resfriado comum. Alguns coronavírus podem causar doenças graves com impacto importante em termos de saúde pública, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), identificada em 2002 e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), identificada em 2012.
As investigações sobre transmissão do novo coronavírus ainda estão em andamento, mas a disseminação de pessoa para pessoa, ou seja, a contaminação por contato, está ocorrendo. É importante observar que a disseminação de pessoa para pessoa pode ocorrer de forma continuada.
Alguns vírus são altamente contagiosos (como sarampo), enquanto outros são menos. Ainda não está claro com que facilidade o novo coronavírus se espalha de pessoa para pessoa. Apesar disso, a transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como tosse e espirros.
Os sinais e sintomas clínicos do novo coronavírus são principalmente respiratórios, semelhantes a um resfriado. Podem, também, causar infecção do trato respiratório inferior, como as pneumonias. Os principais são sintomas são febre, tosse e dificuldade para respirar.