Crise da Covid impulsiona busca pelo ‘PIB verde

Publicado em: 04 maio 2021

Campo Grande (MS) – A pandemia que varre o planeta há mais de um ano embaralhou a economia global como não se via desde a Segunda Guerra Mundial. Os países ainda tentam calcular a dimensão do estrago. O novo coronavírus expôs fragilidades sistêmicas que foram atropeladas pela necessidade constante de se promover o crescimento econômico a qualquer custo.

Especialistas e governos do mundo inteiro se debruçam agora sobre novos indicadores capazes de medir o progresso das nações na era pós-Covid, incluindo a qualidade de vida. E não há como ignorar o meio ambiente nesta conta.

O velho Produto Interno Bruto (PIB) — a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos por uma nação —, criado no fim da década de 1930, continuará valendo no médio prazo. Mas já está claro que mostra apenas um lado da moeda: aquele em que não se veem rostos.

 OS EFEITOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA PELO MUNDO1 de 20 

Ondas atingem um paredão em frente a edifícios em Taizhou, província de Zhejiang, leste da China. Os mesmos oceanos que nutriram a evolução humana estão prontos para desencadear a miséria em escala global alerta um projeto de relatório da ONU Foto: - / AFP
Ondas atingem um paredão em frente a edifícios em Taizhou, província de Zhejiang, leste da China. Os mesmos oceanos que nutriram a evolução humana estão prontos para desencadear a miséria em escala global alerta um projeto de relatório da ONU Foto: – / AFP
Alimentadas pelo rio Zambezi, as Victoria Falls (Cataratas de Vitória), na fronteira entre Zâmbia e Zimbábue, no Sul da África, enfrentaram, em 2019, a pior seca já registrada na região em um século. A paisagem, antes marcada pela queda d'água de tirar o fôlego, se tranfromou num grande abismo seco Foto: STAFF / REUTERS
Alimentadas pelo rio Zambezi, as Victoria Falls (Cataratas de Vitória), na fronteira entre Zâmbia e Zimbábue, no Sul da África, enfrentaram, em 2019, a pior seca já registrada na região em um século. A paisagem, antes marcada pela queda d’água de tirar o fôlego, se tranfromou num grande abismo seco Foto: STAFF / REUTERS
Iceberg perto da ilha de Kulusuk, na costa sudeste da Groenlândia. Aquecimento global causado pelas atividades humanas terá consequências dramáticas para os oceanos e a criosfera, que inclui gelo marinho, geleiras, calotas polares e permafrost (tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados) Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Iceberg perto da ilha de Kulusuk, na costa sudeste da Groenlândia. Aquecimento global causado pelas atividades humanas terá consequências dramáticas para os oceanos e a criosfera, que inclui gelo marinho, geleiras, calotas polares e permafrost (tipo de solo encontrado na região do Ártico, constituído por terra, gelo e rochas permanentemente congelados) Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Geleira na região do Everest, no Nepal, no distrito de Solukhumbu, a 140 km a nordeste de Katmandu. As montanhas devem perder uma parcela significativa de sua cobertura de neve, com impactos significativos na agricultura, no turismo e no suprimento de energia Foto: PRAKASH MATHEMA / AFP
Geleira na região do Everest, no Nepal, no distrito de Solukhumbu, a 140 km a nordeste de Katmandu. As montanhas devem perder uma parcela significativa de sua cobertura de neve, com impactos significativos na agricultura, no turismo e no suprimento de energia Foto: PRAKASH MATHEMA / AFP
Imagem fotografada por Steffen Olsen, do Centro de Oceano e Gelo do Instituto Meteorolítico Dinamarquês, mostra cães de trenó andando pela água parada no gelo do mar durante uma expedição no noroeste da Groenlândia. Relatório da ONU sobre oceanos e mudanças climáticas destaca efeitos que China, Estados Unidos, União Europeia e Índia enfrentarão Foto: STEFFEN OLSEN / AFP
Imagem fotografada por Steffen Olsen, do Centro de Oceano e Gelo do Instituto Meteorolítico Dinamarquês, mostra cães de trenó andando pela água parada no gelo do mar durante uma expedição no noroeste da Groenlândia. Relatório da ONU sobre oceanos e mudanças climáticas destaca efeitos que China, Estados Unidos, União Europeia e Índia enfrentarão Foto: STEFFEN OLSEN / AFP
Calotas polares da Antártica e da Groenlândia perderam uma média de 430 bilhões de toneladas por ano desde 2006, tornando-se a principal fonte do aumento do nível do mar
Foto mostra uma a geleira Apusiajik, perto de Kulusuk, na ilha de Sermersooq, na costa sudeste da Groenlândia Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Calotas polares da Antártica e da Groenlândia perderam uma média de 430 bilhões de toneladas por ano desde 2006, tornando-se a principal fonte do aumento do nível do mar Foto mostra uma a geleira Apusiajik, perto de Kulusuk, na ilha de Sermersooq, na costa sudeste da Groenlândia Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Dunas ao pé do edifício "Le Signal", em Soulac-sur-Mer, sudoeste da França, estão sendo lavadas devido às importantes marés do Atlântico Foto: JEAN-PIERRE MULLER / AFP
Dunas ao pé do edifício “Le Signal”, em Soulac-sur-Mer, sudoeste da França, estão sendo lavadas devido às importantes marés do Atlântico Foto: JEAN-PIERRE MULLER / AFP
Áreas da Nona Ala, em Nova Orleans, inundadas após os furacões Katrina e Rita. O aumento do nível do mar pode deslocar 280 milhões de pessoas em um cenário otimista de um aumento de 2°C na temperatura global em comparação com a era pré-industrial. Com um aumento previsível da frequência de ciclones, muitas megacidades costeiras, bem como pequenas nações insulares, seriam inundadas todos os anos a partir de 2050 Foto: ROBYN BECK / AFP
Áreas da Nona Ala, em Nova Orleans, inundadas após os furacões Katrina e Rita. O aumento do nível do mar pode deslocar 280 milhões de pessoas em um cenário otimista de um aumento de 2°C na temperatura global em comparação com a era pré-industrial. Com um aumento previsível da frequência de ciclones, muitas megacidades costeiras, bem como pequenas nações insulares, seriam inundadas todos os anos a partir de 2050 Foto: ROBYN BECK / AFP
Moradores usam barcos para atravessar um rio Ganges inundado, à medida que os níveis de água nos rios Ganges e Yamuna aumentam, em Allahabad, Índia. Relatório do IPCC diz que chuvas de monção do verão indiano, uma fonte vital para regar as culturas destinadas a alimentar centenas de milhões de pessoas, enfraqueceram significativamente desde 1950, provavelmente devido ao aquecimento do Oceano Índico Foto: SANJAY KANOJIA / AFP
Moradores usam barcos para atravessar um rio Ganges inundado, à medida que os níveis de água nos rios Ganges e Yamuna aumentam, em Allahabad, Índia. Relatório do IPCC diz que chuvas de monção do verão indiano, uma fonte vital para regar as culturas destinadas a alimentar centenas de milhões de pessoas, enfraqueceram significativamente desde 1950, provavelmente devido ao aquecimento do Oceano Índico Foto: SANJAY KANOJIA / AFP
A região do Ártico registrou temperaturas recorde nos últimos anos, com derretimento extenso das camadas de gelo e neve Foto: Evan Vucci / AP
A região do Ártico registrou temperaturas recorde nos últimos anos, com derretimento extenso das camadas de gelo e neve Foto: Evan Vucci / AP
A elevação dos níveis dos mares também já provocou o desaparecimento de ao menos cinco ilhas nas Ilhas Salomão, país no Oceano Pacífico considerado um dos mais ameaçados pelas alterações climáticas no planeta Foto: REPRODUÇÃO
A elevação dos níveis dos mares também já provocou o desaparecimento de ao menos cinco ilhas nas Ilhas Salomão, país no Oceano Pacífico considerado um dos mais ameaçados pelas alterações climáticas no planeta Foto: REPRODUÇÃO
Um urso polar pula entre pedaços de água congelada no Canadá. O fotógrafo Florian Ledoux capturou o momento usando um drone em agosto de 2018. Animais estão enfrentando uma série de ameaças que estão afetando seu futuro status populacional. "Eles estão entre os primeiros refugiados da mudança climática", escreveu Ledoux Foto: Florian Ledoux
Um urso polar pula entre pedaços de água congelada no Canadá. O fotógrafo Florian Ledoux capturou o momento usando um drone em agosto de 2018. Animais estão enfrentando uma série de ameaças que estão afetando seu futuro status populacional. “Eles estão entre os primeiros refugiados da mudança climática”, escreveu Ledoux Foto: Florian Ledoux
Rio sub-glacial vindo de dentro de uma geleira e caindo num grande buraco Foto: Florian Ledoux
Rio sub-glacial vindo de dentro de uma geleira e caindo num grande buraco Foto: Florian Ledoux
Imagem aérea mostra os corais brancos na Grande Barreira de Corais da Austrália, que está sendo destruída pelo aquecimento e acidificação dos mares Foto: ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies / Terry Hughes
Imagem aérea mostra os corais brancos na Grande Barreira de Corais da Austrália, que está sendo destruída pelo aquecimento e acidificação dos mares Foto: ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies / Terry Hughes
Gelo flutuando na Groenlândia durante o inverno. Local costumava estar completamente congelado durante a estação Foto: Florian Ledoux
Gelo flutuando na Groenlândia durante o inverno. Local costumava estar completamente congelado durante a estação Foto: Florian Ledoux
Nos EUA, uma comunidade formada por cerca de 600 pessoas no estado do Alasca decidiu mudar de lugar por causa da elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global Foto: AP / Diana Haecker
Nos EUA, uma comunidade formada por cerca de 600 pessoas no estado do Alasca decidiu mudar de lugar por causa da elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global Foto: AP / Diana Haecker
Manguezal com 7.400 hectares morreu de "sede" no Golfo de Carpentária, na Austrália Foto: AFP / NORMAN DUKE
Manguezal com 7.400 hectares morreu de “sede” no Golfo de Carpentária, na Austrália Foto: AFP / NORMAN DUKE
Pescador mostra caranguejos capturados por ele em manguezal na Bahia, no Brasil. Espécie vem se tornando cada vez mais escassa à medida que o aquecimento global vem causando o aumento da temperatura da água e, consequentemente, a morte de caranguejos e outros animais em sua cadeia alimentar Foto: NACHO DOCE / REUTERS
Pescador mostra caranguejos capturados por ele em manguezal na Bahia, no Brasil. Espécie vem se tornando cada vez mais escassa à medida que o aquecimento global vem causando o aumento da temperatura da água e, consequentemente, a morte de caranguejos e outros animais em sua cadeia alimentar Foto: NACHO DOCE / REUTERS
No Brasil, o atual período de estiagem no Nordeste, considerado o pior em um século, transformou a barragem mais antiga do país num cemitério de tartarugas Foto: AFP / EVARISTO SA
No Brasil, o atual período de estiagem no Nordeste, considerado o pior em um século, transformou a barragem mais antiga do país num cemitério de tartarugas Foto: AFP / EVARISTO SA
Carcaças de renas mortas cobertas pelo gelo. Um estudo da Universidade de Oxford mostrou que 80 mil renas morreram na Sibéria por causa das alterações no ciclo das chuvas Foto: Universidade de Oxford
Carcaças de renas mortas cobertas pelo gelo. Um estudo da Universidade de Oxford mostrou que 80 mil renas morreram na Sibéria por causa das alterações no ciclo das chuvas Foto: Universidade de Oxford

Não capta desigualdades sociais nem mede o bem-estar do cidadão. Tampouco calcula o preço da degradação ambiental. E tudo isso afeta a economia como um todo, como realça a pandemia.

— A hora de mudar é essa. O PIB é útil para analisar o curto prazo, para medir fluxos e recursos, uma parte da atividade econômica. Não serve para contabilizar grandes estoques e ativos — diz Patrick Schröeder, pesquisador do centro de estudos Chatham House e especialista em economia circular, conceito que ganha adesão (e está no centro do atual projeto de desenvolvimento da União Europeia) ao prever um ciclo sustentável da matéria-prima ao consumidor.

Pressão de empresários

O PIB já não é o primeiro indicador para o qual os agentes dos mercados olham antes de investir. Cresce a investigação de riscos sociais e ambientais envolvidos nas empresas e nos países.

Uma demonstração disso foi a Cúpula do Clima, liderada na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que direciona seu plano trilionário para recuperar a maior economia do mundo na direção da sustentabilidade.

A pressão do empresariado sobre o presidente Jair Bolsonaro em favor do compromisso do Brasil com essa agenda não é à toa. As companhias pensam duas vezes antes de aplicar em um país que não cuida de suas florestas, por exemplo. É uma demanda do próprio consumidor na ponta.

Nos anos 1990, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com dimensões sociais como saúde e educação, surgiu como um contraponto à métrica de desenvolvimento puramente econômica por meio do PIB per capita.

A discussão sobre a inclusão da economia verde no PIB também surgiu há três décadas. Foi um dos temas da Rio 92, mas ganha nova força agora.

AMAZÔNIA E O CRÔNICO MAL DAS QUEIMADAS1 de 19 

Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Moradores e bombeiros no noroeste do Brasil estão lutando contra os incêndios que assolam a Amazônia, destruindo terras agrícolas e ameaçando suas casas, em Porto Velho Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Moradores e bombeiros no noroeste do Brasil estão lutando contra os incêndios que assolam a Amazônia, destruindo terras agrícolas e ameaçando suas casas, em Porto Velho Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Rosalino de Oliveira joga água tentando proteger sua casa enquanto o fogo se aproxima em uma área da floresta amazônica, perto de Porto Velho, Rondônia Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Rosalino de Oliveira joga água tentando proteger sua casa enquanto o fogo se aproxima em uma área da floresta amazônica, perto de Porto Velho, Rondônia Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí, Estado do Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da selva amazônica em Apuí, Estado do Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Imagem aérea mostra fronteira entre a selva amazônica a área degradada por queimadas a mando de madeireiros e fazendeiros, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Imagem aérea mostra fronteira entre a selva amazônica a área degradada por queimadas a mando de madeireiros e fazendeiros, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Um tamanduá morto é visto em um tronco queimado em uma área da selva amazônica, perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Um tamanduá morto é visto em um tronco queimado em uma área da selva amazônica, perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio, em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tenta controlar um incêndio, em uma área da floresta amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontra tamanduá morto enquanto tentava controlar focos de incêndios, em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontra tamanduá morto enquanto tentava controlar focos de incêndios, em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Uma das técnicas de combate às chamas é o aceiro, retirada de faixa de vegetação, por meio da queimada controlada ou manualmente. Quando o incêndio florestal encontra a faixa já degradada perde força pela falta de combustível para se alastrar Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Uma das técnicas de combate às chamas é o aceiro, retirada de faixa de vegetação, por meio da queimada controlada ou manualmente. Quando o incêndio florestal encontra a faixa já degradada perde força pela falta de combustível para se alastrar Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Voluntário acende uma fogueira para criar um aceiro para impedir o progresso de um incêndio iniciado por agricultores que limpam uma área da selva amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Voluntário acende uma fogueira para criar um aceiro para impedir o progresso de um incêndio iniciado por agricultores que limpam uma área da selva amazônica, em Apuí, no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Ibama bebe água, durante a dura missão de tentar controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica perto de Apuí no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membro da brigada de incêndio do Ibama bebe água, durante a dura missão de tentar controlar um incêndio em uma área da floresta amazônica perto de Apuí no Amazonas Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Fumaça sobe de um incêndio ilegal na reserva da floresta amazônica, ao norte de Sinop, no Mato Grosso Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Membros da brigada de incêndio e soldados do Exército do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas, Brasil Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membros da brigada de incêndio e soldados do Exército do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, no Amazonas, Brasil Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, Estado do Amazonas, Brasil em 10 de agosto de 2020. Foto tirada em 10 de agosto de 2020. REUTERS / Ueslei Marcelino Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS
Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes em uma área da selva amazônica perto de Apuí, Estado do Amazonas, Brasil em 10 de agosto de 2020. Foto tirada em 10 de agosto de 2020. REUTERS / Ueslei Marcelino Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Recentemente, um grupo de nações criou a Aliança para uma Economia de Bem-Estar, que pretende criar indicadores de desenvolvimento que envolvam qualidade de vida e ecologia, não só a atividade econômica.

O objetivo é captar o valor de empresas que garantam a vida digna dos seus empregados, tenham soluções para necessidades sociais e a recuperação da natureza.

O Brasil faz parte de outra iniciativa mais antiga de mensuração do progresso. É a das contas de capital natural, que utilizam o índice de estoque de águas, por exemplo, que já é calculado pelo IBGE, como monetizador importante da economia.

Água limpa é garantia de menos degradação do ambiente (o que impõe um custo financeiro alto ao país) e de maior capacidade de renovação da natureza.

China tem plano verde

No Fórum Econômico Mundial de Davos, no início deste ano, o presidente da China, Xi Jinping, falou em “alterar as forças motrizes e modelos de crescimento da economia, melhorar a sua estrutura de modo a levar para o centro um desenvolvimento de longo prazo, sólido e estável”.

A China, segundo dados apresentados ao fórum por John Kerry, enviado especial de Biden para o Clima, é responsável pelo financiamento de 70% das novas usinas a carvão no mundo com seu ambicioso plano de expansão global “Uma Estrada, Um cinturão”. Ainda assim, o gigante asiático tem uma estratégia verde.

Um dos países com uma das matrizes energéticas mais sujas do mundo, a China criou há alguns anos um indicador de PIB verde a partir do qual descontava da economia real os danos provocados pela poluição e por sua acelerada industrialização. Depois, passou a calcular o PIB da chamada energia verde (de fontes renováveis).

A iniciativa é boa, mas precisaria ser usada por todos para ter resultados globais.

O tom verde que Biden pretende imprimir à economia global já está presente nos pacotes de ajuda dos governos de vários países às indústrias abaladas pela pandemia. A França dá crédito com a condição de que se comprometam com o corte de emissões de carbono, por exemplo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, tem destacado que, se o mundo não proteger a natureza urgentemente, a próxima pandemia estará “logo ali”. O aquecimento global provocará mais desastres ambientais e doenças zoonóticas, com origem no reino animal, como a Covid-19, segundo ela:

— O argumento financeiro é mais importante? Mais da metade do PIB global depende da biodiversidade e do ecossistema, do setor de alimentos ao turismo.

O economista Jim O’Neill, presidente do Chatham House e pai do acrônimo Brics (que agrupou Brasil, Rússia, Índia e China como potências econômicas emergentes), defende a ideia do “lucro com propósito”, que crie o compromisso de empresas com demandas sociais e com uma economia mais sustentável.

O ex-economista-chefe do Goldman Sachs, que trabalhou no mercado financeiro por duas décadas, tem menos simpatia por um PIB verde.

— É uma ideia que desencadeia paixões admiráveis. Mas não inclui, por exemplo, o desafio das superbactérias. Veja o momento que vivemos — disse ele ao GLOBO.

Foco também no social

O’Neill defende uma métrica pouco ortodoxa para o pós-pandemia: o PIB nominal, que não é ajustado pela inflação, que daria aos países mais liberdade para gastar, sem tanto impacto na dívida pública:

Segundo ele, muitos países tiveram problemas para se recuperar da crise de 2008 por restrições na relação dívida/PIB. O economista lembra que o Federal Reserve, o Banco Central americano, além da estabilidade de preços, passou a considerar o pleno emprego como uma meta. Isso dá novo peso à realidade social nas políticas econômicas.

— Esse é um debate que existe há 30 anos. Eu mesmo já fui contra. Mas a beleza disso está no fato de tirar o foco de apenas de uma meta, a de inflação — diz o economista.

Fonte: o Globo

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