Campo Grande (MS) – O volume de vendas do comércio varejista de Mato Grosso do Sul cresceu 24,3% em abril deste ano, no comparativo com o mesmo mês de 2020.
Conforme os dados divulgados na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas cresceram 2,1% no quarto mês do ano em comparação a março (-0,5%), maior alta para o mês desde 2008.
No acumulado do ano, o volume de vendas registra aumento de 7,9%. Já nos últimos 12 meses a alta é de 7,7%. Economistas e lojistas ouvidos pelo Correio do Estado confirmam a tendência de ampliação dos resultados positivos para o segmento.
O doutor em Economia Michel Constantino aponta a adaptação das empresas como uma forma de superar o momento de crise: “Já temos quase um ano e meio de pandemia, com paralisações e mudança do perfil de consumo. As empresas mudaram e se adaptaram a esse perfil”.
Para a economista Daniela Dias, os dados refletem a realidade de alguns setores. “Esse aumento do volume de vendas reflete em partes o comportamento geral do comércio, mas não trata das especificidades.
Temos segmentos que estão sofrendo mais e outros que despontaram durante a pandemia. Existem pessoas que encontraram oportunidades nesse cenário e existem momentos que temos um controle maior [da pandemia] e as pessoas voltam a ter expectativas mais positivas”, avalia.
Variação do comércio varejista em MS – Divulgação
CONSUMO
Constantino ainda destaca que recursos extras, como auxílio emergencial e ampliação do crédito para empresas, também acabam interferindo no consumo.
“Outra questão é que a arrecadação com impostos tem aumentado, o que quer dizer que as empresas estão comprando mais. E as empresas não compram mais se as vendas não estiverem aumentando. Realmente os dados do IBGE refletem a nossa realidade e mostram que a recuperação econômica de janeiro para cá tem um crescimento sustentável”, destaca o doutor em Economia.
Ainda de acordo com a pesquisa do IBGE, em abril de 2020, o volume de vendas do comércio varejista do Estado apresentava queda de 12,8%.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas cresceu 3,7% em comparação a março (1,0%) e 37,7% na comparação com abril de 2020.
Constantino destaca que o avanço da vacinação também influencia diretamente no consumo. “Esse crescimento do comércio e do consumo também tem relação com a vacinação, quanto mais a gente vacinar, mais as pessoas consomem”.
Além da alteração no comportamento do consumidor, algumas datas específicas também influenciam no comércio varejista: “Dependendo de uma data mais sazonal, do apelo emocional, e nós já percebemos que as datas estão tendo apelo emocional mais significativo. A gente percebe picos de vendas e, em outros momentos, quedas”, analisa Daniela.
EMPRESÁRIOS
A empresária Cláudia Barros, proprietária de loja de roupas com o mesmo nome, afirma que registrou crescimento. “Tivemos este aumento nas vendas de março a abril e até aumentamos nosso quadro de funcionárias”.
O proprietário da Beco Acessórios, Djalma Santos, afirma que as vendas de abril foram boas, mas as de maio foram superiores. “Maio de 2021 foi 20% melhor do que o de 2020, e graças ao Dia das Mães foi o melhor mês até agora”.
Pesquisa da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande aponta que 67% dos comerciantes têm expectativa de superar em mais de 10% as vendas no Dia dos Namorados, em comparação com o mesmo período de 2020.
Para a data, o empresário se diz otimista. “Sempre criamos expectativas nestas datas especiais para o comércio, como o Dia dos Namorados, por exemplo: investimos em vitrine, peças exclusivas, promoções, tudo para atrair a atenção dos consumidores e sermos lembrados”, diz Santos.
Cláudia projeta crescimento nas vendas para o dia 12 de junho. “Estamos com grandes expectativas, com a estimativa de crescimento de até 12%”.
Para a presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-MS), Inês Santiago, há uma demanda de consumo reprimida a ser suprida.
“Esses números mostram isso, e as pessoas querem consumir. Contudo, ainda estamos diante de um mercado volátil, que dá respostas que podem mudar daqui a pouco. De qualquer forma, estamos otimistas com os números”.
O presidente da ACICG, Renato Paniago, disse que, com o início da vacinação, a população teve um sentimento de segurança e retomou atividades. “Isso refletiu na maior alta para o mês de abril, muitos projetos represados que voltaram a ter o desenvolvimento que tinham antes da pandemia”, diz.
De março para abril de 2021, a taxa nacional de vendas do comércio varejista foi de 1,8%, com resultados positivos em 21 das 27 unidades da Federação, com destaque para Distrito Federal (19,6%). Mato Grosso do Sul ocupou a 18ª posição no ranking.
CRESCIMENTO
Com os dados divulgados ontem pelo IBGE, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para 3,9% a previsão de crescimento do consumo no setor varejista para 2021. A previsão anterior era de 3,3%.
A projeção, conforme o economista da CNC, Fabio Bentes, é de que, caso o segundo semestre confirme a tendência de crescimento, o comércio deve consolidar sua melhor fase desde 2013, com um avanço anual de 4,3%.