Presidente do BC diz que vai elevar previsão de crescimento

Publicado em: 08 abr 2022

Campo Grande (MS) – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a expectativa de crescimento do Brasil deve ser revista ligeiramente para cima, apesar da guerra na Europa.

Para ele, o conflito entre Rússia e Ucrânia afetará mais profundamente a Europa, principalmente na questão da energia, trazendo reflexos para o Brasil, mas que alguns choques podem ser positivos, como uma consolidação do país como produtor de energia limpa.

— O Brasil tem essa expectativa de (crescimento do PIB) de 0,5%, e a gente acha que vai, provavelmente, sofrer alguma revisão para cima nas próximas semanas, nos próximos meses. Não será um crescimento muito grande, mas a gente acha que com os ingredientes que a gente tem na mesa, mesmo com os efeitos da guerra, vão levar a uma mudança, uma revisão na expectativa ligeiramente para cima desse número — afirmou durante evento na tarde desta quinta-feira.

Campos Neto ainda ponderou que nas projeções de crescimento para 2022, os países da Ásia vem se sobressaindo e também aqueles que tiveram uma recuperação em menor velocidade da retração da pandemia. Para a Europa, ele avalia que ainda será preciso quantificar e precificar os efeitos do conflito.

Para ele, a guerra já é um conflito de proporções muito maiores do que as inicialmente previstas e que trará choque de ofertas, com potencial para ampliar as pressões inflacionárias já existentes e com reflexos importantes no setor energético.

No curto prazo, aumenta os desafios para a transição para uma economia verde por causa da elevação dos custos ao mesmo tempo que incentiva o uso de fontes alternativas. Para o longo prazo, vai exigir um redesenho das matrizes energéticas. Esse efeito, associado a uma reorganização das cadeias globais de valor pode representar uma oportunidade para o Brasil:

— O Brasil tem uma oportunidade de ser o país que vai fazer essa energia limpa, que vai produzir essa energia limpa, que vai estar presente nessas cadeias globais.

Em relação à inflação, Campos Neto reconheceu que há uma pressão inflacionária global, e reafirmou que o BC já havia sinalizado que ela seria persistente, o que motivou a subida nos juros no Brasil, movimento que está sendo repetido em outros países agora.

O presidente do BC acredita que a valorização do real ante o dólar pode dar uma folga nessa pressão quando se trata de preços de alimentos e metais, ainda que pesem os efeitos da alta dos fertilizantes, mas os combustíveis devem seguir pressionados.

Para o Brasil, ele ainda reiterou a preocupação com o quadro fiscal no curto prazo, e como isso reverbera no potencial de crescimento do país:

—  A gente tem deixado claro que, sim, tem tido uma surpresa com o fiscal no curto prazo. Existe obviamente uma inquietude, a gente tem um processo eleitoral e mais do que isso eu acho que a gente tem um prêmio ainda numa parte longa da curva em relação ao fiscal que está muito relacionado a capacidade do Brasil crescer. A gente tem um crescimento muito perto do zero e se gerou uma dúvida em relação a qual é o crescimento estrutural do Brasil.

Fonte: O Globo

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