Mais de 19 mil idosos entraram para a lista do “nome sujo” em um ano

Publicado em: 06 jun 2024

Número de pessoas com mais de 60 anos inadimplentes saiu de 166 mil em 2023 para 186 mil neste ano

O número de idosos inadimplentes  subiu 11,46% em Mato Grosso do Sul no período de um ano. Em abril de 2023, eram 166.951 pessoas com mais de 60 anos na lista do “nome sujo”, já em abril deste ano o número chegou a 186.095, ou seja, 19.144 pessoas a mais no intervalo interanual, conforme indicam os dados da Serasa. 

 Ainda de acordo com o levantamento enviado ao Correio do Estado, em janeiro de 2024 o número de idosos negativados era de 181.532. Em fevereiro passado, o número sofreu acréscimo de 476 novos nomes adicionados chegando a 182.008. No mês seguinte, mais 1.509 pessoas com mais de 60 anos passaram a integrar a lista, indo a 183.517. De março para abril houve um salto de 2.578 novos Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) incluídos no cadastro, chegando ao total de 186.095. 

O economista Eduardo Matos enfatiza que o movimento é uma crescente nacional  que ocorre já há alguns anos, tendo em vista que em 2021, foi sancionada a Lei 14.131/21 que ampliou a margem de contratação de consignados pelos aposentados.

“A partir deste marco os aposentados puderam contrair uma proporção maior de dívidas em relação ao benefício da aposentadoria. Somado a isso, os últimos anos foram de instabilidade econômica e como aposentados possuem uma renda contínua e condições facilitadas para contratação de empréstimos, familiares que passaram por alguma dificuldade financeira utilizaram do nome desses idosos”, explicou.

Matos frisa ainda que para o Estado não existem fatores específicos que diferem do resto do Brasil. “Podemos citar o aumento dos preços dos medicamentos, que foi autorizado este ano, e o reajuste nos valores dos planos de saúde, que no caso do público idoso, é a faixa que paga o maior valor do serviço”, salienta.

O economista Márcio Coutinho pontua que ambiente geral permanece instável. “As pessoas idosas têm uma maior dificuldade de se readequar a situações adversas, como até mesmo se recolocar no mercado de trabalho. A economia não estando aquecida, fica mais difícil ainda, então, a instabilidade econômica é um dos fatores que mais contribuem para essa inadimplência”, aponta.

Para o mestre em economia Lucas Mikael, os resquícios da pandemia ainda seguem impactando o ambiente econômico. “Durante esse período desafiador, muitos aposentados encontraram-se na posição de sustentar suas famílias através do crédito consignado”, afirma.

Mikael ressalta que muitos foram os que recorreram a empréstimos para ajudar financeiramente parentes desempregados, entre outras necessidades familiares. 

“Infelizmente, isso resultou em um aumento significativo do endividamento para esses aposentados, dado que os prazos desses empréstimos são frequentemente longos, o peso das dívidas ainda é sentido hoje, impactando profundamente suas vidas financeiras”, pondera.

Outro fato evidenciado pelos economistas como desafio é a falta de consciência sobre os juros embutidos nas operações financeiras. 

INADIMPLÊNCIA

Ao considerar toda a parcela de pessoas economicamente ativas em Mato Grosso do Sul a inadimplência atingiu a metade da população (50,20%). Conforme publicado pelo Correio do Estado, na edição de 3 de junho, dos 2,144 milhões de indivíduos, 1,076 milhão de pessoas em MS tem algum tipo de restrição no CPF. 

No ranking, o Estado é o sexto maior atrás somente do Amazonas (52,26%), Amapá (52,55%), Distrito Federal (53,04%), Mato Grosso (53,53%) e Rio de Janeiro (54,85%).

Segundo o levantamento o valor médio das dívidas, por inadimplente, chegou a R$ 5.732. Já o valor total devido no Estado totalizou R$ 6,172 bilhões no mês de abril de 2024.

A maior parte das dívidas em Mato Grosso do Sul está concentrada em três principais setores, sendo os bancos e cartões os maiores responsáveis, com 32,45%; na sequência, com 17,45%, estão as financeiras; e os serviços, com 16,67%.

Para o semestre que se inicia os analistas econômicos consultados pelo Correio do Estado apontam que a inadimplência não deve sofrer mudanças significativas.“A tendência é que a situação melhore lentamente, com altos e baixos ao longo do caminho”, pondera Mikael.

Fonte: Correio do Estado

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