SÃO PAULO (Reuters) – A dívida bruta do Brasil ficou abaixo do esperado em setembro, quando registrou a primeira queda depois de 14 meses seguidos de alta, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco Central
A dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou setembro em 78,3%, contra 78,5% no mês anterior. Já a dívida líquida foi a 62,4%, de 62,0%.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de 78,8% para a dívida bruta e de 62,3% para a líquida.
A queda na dívida bruta decorreu principalmente do resgate líquido de dívida (-0,2 p.p.), da valorização cambial (-0,2 p.p.) e da variação do PIB nominal (-0,5 p.p.), que mais do que compensaram a apropriação dos juros nominais (+0,6 ponto percentual).
Já o resultado da dívida líquida — que considera também os ativos das reservas internacionais do país — refletiu os impactos da valorização cambial de 3,7% no mês (+0,5 p.p.), dos juros nominais apropriados (+0,4 p.p.), da variação do PIB nominal (-0,4 p.p.), e dos demais ajustes da dívida externa líquida (-0,2 p.p.).
A dívida pública do Brasil, considerada alta em comparação com outros mercados emergentes, vem provocando preocupações fiscais conforme o crescimento dos gastos obrigatórios do governo Lula joga dúvidas sobre a capacidade do governo de estabilizá-la sob novas regras fiscais aprovadas no ano passado.
Os mercados estão nervosos com a demora de novas medidas de contenção de gastos prometidas pelo governo. Desde o início do governo Lula no ano passado, a proporção dívida/PIB aumentou 6,6 pontos percentuais.
Em setembro, o setor público consolidado registrou um déficit primário de 7,340 bilhões de reais, menos do que a expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters de um saldo negativo de 8,0 bilhões de reais.
O desempenho mostra que o governo central teve déficit de 3,974 bilhões de reais, enquanto Estados e municípios registraram saldo negativo primário de 3,173 bilhões de reais e as estatais tiveram déficit de 192 milhões de reais, mostraram os dados do Banco Central.
(Por Camila Moreira)
Fonte: Isto é Dinheiro