Baixo crescimento pode prolongar desemprego na América Latina

Publicado em: 02 fev 2022

Campo Grande (MS) – Após quase dois anos do início da pandemia da Covid-19, a retomada insuficiente de 2021 e as perspectivas de baixo crescimento neste ano associadas às incertezas em relação a novas variantes podem prolongar a crise do mercado de trabalho na América Latina e Caribe até 2024.

O alerta foi feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou novo relatório sobre a situação do emprego na região nesta terça-feira.

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A evolução do nível de atividade econômica ao longo de 2021 não foi suficiente para que a região voltasse ao patamar de emprego em que estava antes da pandemia. De acordo com a OIT, foram perdidos cerca de 49,1 milhões de postos de trabalho na região entre 2019 e 2020, e ainda faltam recuperar 4,5 milhões de empregos, a maior parte para mulheres.INFLAÇÃO PESOU NO BOLSO DO BRASILEIRO EM 2021. VEJA QUAIS FORAM OS PRINCIPAIS VILÕES1 de 6 

Os combustíveis foram os principais vilões da inflação em 2021. O etanol disparou 62,23% no ano passado. Já a gasolina, 47,49%. O gás de botijão subiu 36,99%. São preços que influenciam outros preços na economia Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Os combustíveis foram os principais vilões da inflação em 2021. O etanol disparou 62,23% no ano passado. Já a gasolina, 47,49%. O gás de botijão subiu 36,99%. São preços que influenciam outros preços na economia Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Com a alta nos preços dos combustíveis, o grupo dos transportes teve alta forte em 2021, pesando no bolso dos mais pobres. A alta acumulada foi de 21,03% Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Com a alta nos preços dos combustíveis, o grupo dos transportes teve alta forte em 2021, pesando no bolso dos mais pobres. A alta acumulada foi de 21,03% Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Entre os gêneros alimentícios, o café foi um dos que mais encareceram em 2021. Os alimentos formam um dos grupos de maior alta de preços na composição do IPCA: subiram 14% no ano passado. As bebidas ficaram, em média, 7,94% mais caras. Foto: Arquivo
Entre os gêneros alimentícios, o café foi um dos que mais encareceram em 2021. Os alimentos formam um dos grupos de maior alta de preços na composição do IPCA: subiram 14% no ano passado. As bebidas ficaram, em média, 7,94% mais caras. Foto: Arquivo
Até mesmo o churrasco, uma das principais escolhas de lazer do brasileiro nas horas vagas, ficou salgado em 2021. As carnes subiram 8,45% em média no ano passado Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
Até mesmo o churrasco, uma das principais escolhas de lazer do brasileiro nas horas vagas, ficou salgado em 2021. As carnes subiram 8,45% em média no ano passado Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo
Outro item essencial no orçamento do brasileiro, a energia elétrica disparou em 2021 sob efeito da crise hídrica, que limitou a operação de hidréletricas. No ano, tarifa de eletricidade residencial subiu 21,21% Foto: TINGSHU WANG / Reuters
Outro item essencial no orçamento do brasileiro, a energia elétrica disparou em 2021 sob efeito da crise hídrica, que limitou a operação de hidréletricas. No ano, tarifa de eletricidade residencial subiu 21,21% Foto: TINGSHU WANG / Reuters
A inflação fez disparar o IGP-M, índice que reajusta contratos de aluguel, que tiveram alta média de 6,96% segundo o IBGE. Além disso, preços de material de construção encareceram imóveis novos e reformas. Resultado: o grupo habitação acumulou alta de 13,05% em 2021. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
A inflação fez disparar o IGP-M, índice que reajusta contratos de aluguel, que tiveram alta média de 6,96% segundo o IBGE. Além disso, preços de material de construção encareceram imóveis novos e reformas. Resultado: o grupo habitação acumulou alta de 13,05% em 2021. Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

O diretor da OIT para a América Latina e Caribe, Vinícius Pinheiro, alerta que uma crise de emprego muito longa é preocupante porque ao gerar desânimo e frustração, há repercussão na estabilidade social:

— O panorama laboral é incerto. A persistência dos contágios da pandemia e a perspectiva de um crescimento econômico medíocre este ano podem prolongar a crise do emprego até 2023 ou 2024 – aponta.

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Esse freio na recuperação econômica, a aceleração da inflação e menor espaço fiscal são as ameaças à retomada do mercado de trabalho e elevação da renda. No Brasil, por exemplo, o ano de 2021 fechou com geração de 2,7 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, mas a renda média do trabalhador caiu no período.

A OIT cita dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) para justificar esse cenário. As projeções apontam que ao final de 2022 mais da metade dos países da região terá um PIB inferior ao de 2019.

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O baixo crescimento fará com que a taxa de desemprego tenha uma ligeira redução. A estimativa é de que em 2021, a taxa de desemprego para a região ficou no patamar de 9,6%. Esse valor pode ter uma redução de 0,1 ponto percentual ou até 0,3 p.p., mas ainda será superior ao indicador de 2019, de 8%.

Com isso, a tendência é de que o número de horas trabalhadas em 2022 siga abaixo do registrado em 2019 e que haja concentração na geração de empregos informais.

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“O desafio perene para as economias da América Latina e do Caribe é superar uma situação estruturalmente caracterizada pela estagnação e pela desigualdade. Este desafio deve enfrentar a dupla dificuldade implicada por um espaço fiscal reduzido e altos níveis de endividamento”, diz o relatório, reforçando que esta não será uma tarefa fácil.

A OIT alerta para a necessidade de retomar ou fortalecer ações para a superação da desigualdade, agravada durante a pandemia. “Para isso, é fundamental implementar políticas produtivas e trabalhistas que permitam gerar empregos de qualidade. Sua inadequação gera frustração na população e mina a coesão e os próprios fundamentais dos sistemas democráticos”, alerta.

Fonte: O Globo

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