Congresso pressiona por mais uma parcela de R$ 600 e transição ao Renda Brasil

Publicado em: 19 ago 2020

Campo Grande (MS) – Há um impasse entre o Congresso Nacional e o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), embora este último tenha o controle da situação em virtude da cooptação do Centrão. A celeuma envolve a prorrogação do auxílio emergencial de R$ 600.

A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, resiste à ideia de continuar com a ajuda de R$ 600, mas os parlamentares querem parcelas extras enquanto se faz a transição para o programa “Renda Brasil”.

“É óbvio que após a pandemia, as pressões políticas continuam”, disse o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys. Segundo ele, o auxílio de R$ 600 é muito bom para a população. “A população recebia um Bolsa Família de R$ 190, passar a ter três vez mais isso é ótimo, mas não é sustentável, não conseguimos manter isso”, ponderou.

Bolsonaro, muito provavelmente, colocou os deputados e senadores do Centrão para morder a bunda do ministro da Economia, que se nega a “furar o teto” de gastos para pagar o auxílio emergencial. De acordo com Guedes, a ideia é segurar os gastos governamentais.

A pressão de Bolsonaro e do Congresso, juntos, tem a ver com a popularidade. Graças ao auxílio emergencial de R$ 600, durante a pandemia do novo coronavírus, a aprovação do presidente da República, de governadores e de prefeito nunca estiveram tão alta.

Por outro lado, o governo precisa de fazer “dinheiro novo” ou ligar das máquinas da Casa da Moeda para imprimir novas cédulas. Ocorre que a primeira opção significa criar novo imposto, a CPMF das transações eletrônicas, e a segunda opção, dizem os técnicos, causaria inflação e a furada do teto.

“Não dá para criar novos impostos a cada crise, a gente tem que olhar e voltar ao que estávamos discutindo [equilíbrio fiscal]. Pode ser mais fácil abrir um espaço fiscal no orçamento para aumentar o investimento púbico, mas isso é um ciclo vicioso”, disse hoje o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que utiliza a contradição para tentar continuar no cargo.

Paulo Guedes defende que o auxílio emergencial seja reduzido entre R$ 200 e R$ 300 dentro do programa “Renda Brasil”.

O presidente da Câmara, mais alinhado ao ministro da Economia, afirma que é difícil manter os R$ 600. “É muito difícil”, disse Rodrigo Maia, mostrando-se mais ajustado aos interesses do sistema financeiro.

 

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