Campo Grande (MS) – O embate comercial de China e Brasil que impactou diretamente a exportação da carne vai completar dois meses e as negociações ainda estão derrapando.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina confirmou nesta terça-feira (26), em Corumbá, que não existe um acordo definido e nem acerto para que ela trate da questão pessoalmente, viajando ao país asiático.
As questões que barram a carne brasileira em portos e atinge produtores de Mato Grosso do Sul estão sendo tratadas de forma estritamente burocrática.
O governo brasileiro ainda tenta liberação da carga enviando documentação e informações que o governo chinês tem solicitado ao longo de quase dois meses.
O embargo ao produto nacional ocorreu em 4 de setembro, depois que dois casos atípicos de vaca louca foram registrados em Minas Gerais e Mato Grosso. Há protoloco sanitário entre os dois países que determina suspensão da importação e fica a cargo da China deliberar quando essa suspensão pode ser finalizada.
A possibilidade de o governo brasileiro enviar um representante para a China e negociar essa liberação segue com uma celeuma. Para entrar em território chinês, o viajante precisa cumprir quarentena de 21 dias.
Nem mesmo a ministra Tereza Cristina foi liberada de cumprir essa orientação caso fosse tratar do bloqueio.
“Hoje a China tem 21 dias de quarentena para quem chega até aquele país. Se eu não tiver um Ok das autoridades chinesas, eu não posso ir para a China e ficar lá esperando”, explicou a ministra em coletiva de imprensa que fez durante agenda que cumpriu em Corumbá, na manhã desta terça-feira (26).
“A gente tem é conversas semanalmente com as autoridades chinesas, entregamos a documentação que pediram. Espero que isso se revolva o mais rápido possível. Hoje estamos complementando as informações (solicitadas)”, acrescentou.
O Brasil chegou a embarcar carne bovina para a China depois de 4 de setembro, mesmo com a suspensão.
Estimativa é que há 112 mil toneladas do produto tanto no caminho como que já chegaram em portos chineses. Porém, tudo está barrado porque falta de deliberação do que o governo daquele país irá fazer sobre o embargo.
Especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) levantaram a hipótese que a China tem demorado em liberar o bloqueio para tentar renegociar contratos e também incentivar o consumo de outras proteínas, como a suína.
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) informou que o Brasil exporta, em média, 8 mil toneladas de carne bovina por dia e com o embargo, esse comércio caiu para 4,5 mil toneladas.
Fonte: Correio do Estado