Empresa indonésia tenta pela 2ª vez comprar fábrica em MS

Publicado em: 02 ago 2019

Campo Grande (MS) – Pela segunda vez, representantes do grupo indo-holandês Paper Excellence tentam “passar um cheque” em valores bilionários que garantirão a compra e ampliação dos investimentos da Eldorado Celulose, em Três Lagoas –a 338 km de Campo Grande. Depois de, no início do ano, tentarem pressionar pelo negócio junto ao vice-presidente Hamilton Mourão, a investida desta vez ocorreu com o senador Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro. 

Eduardo, que passa as férias na Indonésia, encontrou-se na terça-feira (30) com Jackson Widjaja, dono da Paper Excellence, posando ao lado dele segurando um cheque simbólico no valor de R$ 31 bilhões, montante que a indústria pretende investir na compra e ampliação da fábrica de celulose em Três Lagoas até 2022.

A reunião em Jacarta, capital indonésia, foi comemorada pelo presidente, como destacou o jornal Folha de S. Paulo, como prova da volta de confiança no país. Por tabela, ocorreu no momento em que o senador teve o nome ventilado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos.

Em maio deste ano, o mesmo Widjaja se encontrou com Mourão durante evento na Bolsa de Xangai, na China. Na ocasião, ambos também posaram segurando um cheque, mas em valor menor –eram R$ 27 bilhões, ou “apenas” R$ 4 bilhões a menos.

Mais fundo – Mais do que um mero jogo de cena, as fotos com personagens do alto escalão da política brasileira reforçam a disposição do dono da Paper Excellence em assumir de vez o comando da Eldorado, da qual é sócia da J&F –a holding que inclui também o Grupo JBS e tem entre os proprietários os irmãos Joesley e Wesley Batista.

Em setembro de 2017, a Paper adquiriu 49,5% do controle da Eldorado ao custo de R$ 15 bilhões, com previsão de aquisição do restante do capital em um ano. O prazo não teria sido cumprido, embora a empresa da Indonésia alegue ter capital para quitar as dívidas da empresa e que enfrentava dificuldades para obter as garantias.

A J&F, por sua vez, cancelou o negócio e sustentou a necessidade de firmar um novo contrato envolvendo os 50,5% de ações restantes e pede indenização. O caso resultou em disputa no escritório da Câmara de Mediação e Arbitragem Internacional em São Paulo, que terminou em março deste ano com decisão favorável à empresa brasileira –o caso foi arquivado.

Judicialmente, o grupo brasileiro obteve vitórias até aqui, com decisões negando a ampliação da conclusão do negócio por tempo indeterminado.

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