Ministro da Fazenda e presidente do banco se encontram na tarde desta quinta-feira, 2
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se reúnem nesta quinta-feira, 2, no gabinete da pasta em São Paulo. O encontro ocorre em meio à recente preocupação de Campos Neto com a possibilidade de aumento da inflação, diante dos números de pleno emprego.
A taxa de desemprego subiu de 7,5% no trimestre encerrado em dezembro para 7,9% em março, puxada pela habitual dispensa de trabalhadores temporários no início do ano. Apesar do aumento, o indicador está em seu menor nível para o período desde 2014, dez anos antes, quando chegou a 7,2%. Já a renda subiu 1,5% na comparação com o fim do ano passado e 4% contra o mesmo período de 2023, alcançando R$ 3.123 no trimestre.
Apesar de positivo, o aumento do emprego eleva o consumo pelas famílias, aquecendo a economia e impactando os preços. A preocupação do BC é que uma previsão de aumento exacerbado da inflação leve a uma interrupção no corte da taxa básica de juros, a Selic.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou o último corte na taxa básica de juros em março, cumprindo a sequência de quedas previstas no final do ano passado. O corte foi de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 10,75%. Antes, a taxa estava em 11,25% ao ano.
Já Haddad vem de um esforço concentrado para evitar a aprovação de pautas no Congresso que elevam os gastos públicos. Na noite de terça-feira, o ministro elogiou a aprovação pelo Senado do programa de incentivo a eventos, chamado de Perse. Após uma negociação que provocou atrito entre o governo e os parlamentares, o texto que seguiu para a sanção presidencial com uma versão menos onerosa aos cofres públicos.
Na quarta-feira, o ministro também comemorou o fato de a agência de classificação de riscos Moody´ mudar a perspectiva sobre a nota de crédito do Brasil. Agora, há uma avaliação “positiva” para o país. O rating atualmente está em Ba2 e a perspectiva anterior era “estável”.
Autonomia BC
Nos últimos meses, Campos Neto também vem tentando emplacar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de ampliação da autonomia do BC, para dar independência financeira e orçamentária ao órgão, tornando-o uma empresa pública.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tramita no Congresso sobre a autonomia financeira e administrativa do Banco Central permitirá que o BC defina sua própria política de pessoal, inclusive os salários dos servidores. Eles vem reclamando dos baixos salários pagos pela instituição, em comparação com outros bancos privados.
A receita independente do BC viria da senhoriagem, que é o lucro que se tem com a emissão, administração e circulação da moeda, e algumas taxas cobradas pelo Banco Central.