Campo Grande (MS) – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central dá início nesta 3ª feira (11) à sua última reunião do ano. A expectativa unânime dos economistas consultados pelo Poder360 é de manutenção da taxa básica de juros da economia brasileira em 6,5% ao ano.
Se confirmada, essa será a 6ª vez consecutiva que o colegiado decide manter a Selic na mínima histórica. A decisão será conhecida após o 2º dia de reunião, nesta 4ª feira (12.dez), a partir das 18h20.
Para os economistas, a decisão já é dada como certa. As expectativas estão voltadas, principalmente, para a sinalização do colegiado em relação à condução da política monetária em 2019.
Câmbio, inflação, atividade
Para os economistas, as expectativas ancoradas para inflação, o desempenho ainda fraco da atividade econômica e o alívio na alta do dólar serão suficientes para justificar a manutenção da taxa em 1 patamar considerado estimulativo para a economia.
“Com as previsões de inflação mais baixas em 2018 e mostrando relativa estabilidade no ano seguinte, em 1 contexto onde o nível de ociosidade na economia permanece alto, acreditamos que o Copom manterá a taxa Selic estável em 6,5% ao ano na reunião de dezembro”, diz o Itaú em relatório.
Analistas de mercado consultados pelo BC no Boletim Focus (íntegra) esperam que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, termine 2018 em 3,71%. Isso significa que a taxa ficará abaixo do centro da meta para o ano, que é de 4,5% com 1,5 ponto percentual de tolerância para baixo (3%) ou para cima (6%).
Para o ano que vem, a expectativa é de 4,07% –também abaixo do centro da meta para o ano, que é de 4,25%.
“Se o BC tivesse em abril ou maio a previsão de inflação abaixo do centro da meta no final do ano, teria reduzido a taxa de juros ainda mais”, avalia Eduardo Velho, economista-chefe da Go Associados.
Ao longo do ano, no entanto, pesou a incerteza causada pelo processo eleitoral e pelo cenário internacional. Antes das eleições, alguns economistas chegaram a apostar em alta dos juros ainda neste ano. Em setembro, o dólar chegou a bater R$ 4,20. Nesta 2ª feira (10.dez), fechou o dia cotado a R$ 3,92.
De olho em 2019
Os economistas acreditam que houve melhora nas perspectivas para a economia brasileira desde a última reunião do colegiado, realizada em 30 e 31 de outubro. Em relatório, o Goldman Sachs coloca que o comunicado divulgado ao final do encontro deve apontar uma melhora no balanço de riscos para a inflação.
Os especialistas afirmam, no entanto, que o BC não deve fornecer informações claras sobre os próximos passos na definição da taxa básica de juros. Isso porque há dúvidas, principalmente, em relação à condução da agenda de reformas macroeconômicas pelo novo governo e porque não se sabe quão intensa será a volatilidade no mercado internacional em 2019.
“O BC ainda não deve se comprometer. No cenário externo, há incertezas, por exemplo, em relação à possibilidade de uma crise nos EUA no ano que vem e à desaceleração da economia chinesa. No cenário interno, há a questão fiscal, ligada a uma pauta legislativa”, disse Velho.
Ele acredita que há chance de os juros se estabilizarem em 6,5% ao ano em 2019. Analistas de mercado consultados pelo Focus falam em 7,5%, mas, há 4 semanas, falavam em 8%.
Entenda a selic e o copom
A Selic, definida durante encontros do Copom, é o principal instrumento do Banco Central de controle à inflação. Taxa média dos financiamentos diários, com lastro em títulos federais, ela vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do comitê.
Quando a inflação está alta, o BC sobe a taxa básica de juros, aumentando o custo do crédito e a remuneração de investimentos em renda fixa. Esse movimento desestimula os gastos do consumidor e os investimentos das empresas, o que acaba aliviando a pressão sobre os preços.
Por outro lado, quando a inflação dá sinais de desaceleração, abre-se espaço para a redução da taxa de juros. Esse movimento tende a incentivar a atividade e o crescimento econômico.
O Copom é formado pelos membros da diretoria do BC. Seu principal objetivo é estabelecer as diretrizes da política monetária e garantir o cumprimento da meta de inflação, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A reunião tem duração de 2 dias. No 1º dia, é apresentada uma análise da conjuntura. No 2º, é definida a nova taxa básica de juros da economia.
