Paper Excellence vai ficar com 100% da Eldorado Celulose

Publicado em: 05 fev 2021

Campo Grande (MS) – A Paper Excellence ganhou o processo de arbitragem contra a J&F e passará a ter 100% das ações da Eldorado Brasil Celulose, empresa com sede em São Paulo, cuja única unidade industrial está localizada em Três Lagoas, cidade distante 326 quilômetros de Campo Grande.  

A Paper Excellence pertence ao bilionário indonésio Jackson Widjaja e, embora tenha unidades em todo o planeta, tem seu quartel-general na Holanda.  

A Eldorado Brasil Celulose, antes da decisão, era controlada pela J&F, holding que pertence aos irmãos Wesley e Joesley Batista, que também são donos, dentre outras empresas, dos frigoríficos JBS.  

Antes da decisão, a J&F tinha 51% do capital, e a Paper Excellence, 49%.  

Judicialização

A disputa acionária entre as duas empresas foi foi judicializada pela Paper Excellence em 2019 na Câmara de Comércio Internacional, de arbitragem, após divergências entre as empresas.

A J&F acertou a venda da Eldorado para a Paper Excellence por R$ 15 bilhões, incluindo R$ 7,5 bilhões em dívidas. A transação ocorreu em setembro de 2017.  

A empresa do bilionário indonésio teria um ano para levantar todo o financiamento e concluir o negócio, em um contrato que também obrigava a companhia a renegociar a dívida da Eldorado com os bancos, o que liberaria as garantias patrimoniais e financeiras oferecidas pelos Batistas.  

A alavancagem deveria ser decidida até 3 de setembro de 2018. O contrato de compra e venda previa que, se até dia 3 de setembro de 2018 não houvesse solução para a questão, a empresa do bilionário da Indonésia ficaria como minoritária.  

Nesse intervalo, mudanças do câmbio e do preço da celulose melhoraram o valor patrimonial da Eldorado e a Paper Excellence afirma que os Batista passaram a dificultar a quitação das dívidas.

Em entrevista à Folha, Claudio Cotrim, diretor-presidente da Paper Excellence no Brasil, acusou a família Batista de ter solicitado R$ 6 bilhões a mais do que teria direito em contrato para finalizar a venda da fábrica de celulose Eldorado.

“Achávamos que nosso contrato era forte, mas não há contrato que se defenda de má-fé”, disse Cotrim à Folha em sua primeira entrevista após o início da disputa.

A Paper Excellence acusa os Batistas de terem agido de má fé e não cooperarem para a liberar as garantias. Também diz que a J&F quer elevar o valor acertado. Já assessores dos Batista afirmaram na época que a liberação das garantias era uma obrigação da Paper Excellence. 

Disputa em Mato Grosso do Sul

Entre 2019 e 2020, a disputa pelo controle acionário da Eldorado Brasil Celulose também chegou a Mato Grosso do Sul. O empresário Mário Celso Lopes, ingressou com ação no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, exigindo 8,28% de participação acionária da empresa.  

Mário Celso Lopes, por meio de sua empresa, o MCL, chegou a obter liminar lhe garantindo esta participação sobre a fatia da J&F na Eldorado. A tutela foi dada, na ocasião, em agravo do desembargador Nelio Stabile.  

Em abril de 2020, porém, a ministra do STJ, Nancy Andrighi, decidiu que o foro para discutir essa questão de controle acionária era a Justiça paulista, e não a sul-mato-grossense.

No Tribunal de Justiça de São Paulo, Mário Celso Lopes não teve sua participação pleiteada, de 8,28% reconhecida. (Com agências)

 

Fonte: Correio do Estado

 

 
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