Renda com soja cai 14% em MS e fica em R$ 10,2 bilhões

Publicado em: 19 fev 2019

Campo Grande (MS) – A soja, principal cultura da safra sul-mato-grossense deverá ter recuo de 14,6% no Valor Bruto da Produção (VBP), ou mais de R$ 2 bilhões neste ano. A renda que ficou em R$ 12,015 bilhões com a cultura, no ano passado tem estimativa de retração para R$ 10,259 bilhões em 2019 . Os dados são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O motivo é o clima que derrubou a produção de soja de 11 a 15% no Estado, sendo que as perdas foram mais concentradas na região centro e sul, que juntas respondem por 88% da área plantada de MS. A colheita que está a pleno vapor tem retirado dos campos uma média de  52 sacas por hectare, diante de cerca de 59 sacas/ha na safra anterior. 

Conforme dados da assistência técnica do Sistema Famasul, no início da safra de soja 2018/2019, a expectativa de volume de grãos era de 10,05 milhões de toneladas, com uma área de 2,84 milhões de hectares e produtividade esperada de 59 sc/ha. Com a ocorrência da estiagem durante a safra, houve redução no potencial esperado de produtividade de grãos e produtividadee a previsão é que a soja renda 8,9 milhões de toneladas, aproximadamente.

 Receita menor 

No total a receita do agronegócio estadual deve cair 3,53% neste ano de R$ 32,160 bilhões para R$ 31,025 bilhões, o que representa uma retração de R$ 1,134 bilhão, O VBP é um indicador da atividade calculado com base nos volumes de produção e preços médios da agricultura e pecuária do estado. Segundo o levantamento do VBP total que o Estado deve ter este ano, 65,17% deve vir da agricultura, que deve atingir os R$ 20,219 bilhões, e 34,82% da pecuária, que deve totalizar R$ 10,806 bilhões. 

A cana-de-açúcar também tem previsão de queda de 5%, de R$ 4,486 bilhões para R$ 4,258 bilhões. Por outro lado, o milho deve avançar 15,1%, de R$ 3,591 bilhões para R$ 4,136 bilhões. A agricultura sul-mato-grossense como um todo deve sofrer um recuo de 6,5% no Valor Bruto de Produção, que deve cair de R$ 21,635 bilhões para R$ 20,219 bilhões. 

Pecuária 

O levantamento do Mapa mostra avanço no rendimento da pecuária após anos de queda, com majoração de 2,6% na receita e o valor passando de R$ 10,524 bilhões para R$ 10,806 bilhões. 

Na bovinocultura, está previsto incremento de 1,3%, com a receita passando de R$ 7,917 bilhões para R$ 8,024 bilhões. Também é estimado aumento de 1,1% na suinocultura, de R$ 620,922 milhões para R$ 628,281 milhões, e ainda um aumento de 11,1% na cultura de frangos, que deve subir de R$ 1,766 bilhão para R$ 1,964 bilhão. 

Perdas 

A situação vivida por produtores do Estado se repete em outras regiões do País, e os especialistas fazem as contas das perdas que a soja – principal produto na pauta brasileira de exportações – terá este ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão do governo federal, prevê, até o momento, uma quebra de 4 milhões de toneladas em relação à safra recorde do ano passado, de 119,3 milhões para 115,3 milhões de toneladas – semelhante à produção da safra 2016/2017. 

Mas, para a Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), a quebra na safra 2018/19 pode chegar a 16 milhões de sacas, numa colheita esperada inicialmente de 117,2 milhões de sacas, por conta de problemas climáticos em 12 estados. “Esse é o montante até o momento, mas a quebra pode ser ainda maior”, disse o presidente da associação, Bartolomeu Braz, com base em levantamentos encerrados no início deste mês. O Paraná apresentava perdas mais severas, de 30%, seguido da Bahia e Piauí, com 20%, e Goiás, com 17%. “Já estamos pensando numa estratégia para repactuação das dívidas dos produtores, inclusive pensando em securitização”, disse Braz. 

Receita menor 

Caso se confirme a previsão da Conab, tida como a mais conservadora, a perda de receita para os produtores está estimada em R$ 4,3 bilhões, levando em conta o preço médio de R$ 65 a saca. Se a quebra atingir o que preveem as consultorias mais pessimistas, a perda no rendimento bruto da safra pode passar de R$ 7 bilhões. 

De acordo com o engenheiro-agrônomo Adriano Gomes, da consultoria AgRural – que projeta uma safra de 112,5 milhões de toneladas, quase 7 milhões a menos do que no ano passado –, a falta de chuvas em dezembro afetou a produção de soja no oeste do Paraná, principalmente na faixa ao longo do Lago Itaipu, e na região de Dourados, em Mato Grosso do Sul. “No sul de Mato Grosso do Sul, vimos produtores colhendo de 15 a 30 sacas por hectare, quando deveriam colher o dobro”. (Com informações do Estado de S.Paulo)

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