Campo Grande (MS) – Ao mesmo tempo que os juros caíram para quem deixa de pagar, os principais bancos que operam no mercado brasileiro anunciaram aumento na cobrança de anuidade dos cartões de crédito a partir de janeiro de 2024. A prática, até o momento silenciosa, deve ser anunciada aos clientes 45 dias a partir da vigência do reajuste.
A reportagem do Campo Grande News apurou que o aumento na tarifa de uso do crédito já foi divulgado pelos bancos Bradesco, Itaú e Santander. No primeiro, o valor chega a 13% – resultando no gasto anual de R$ 286,80 para clientes da bandeira Elo Nacional, a mais básica da categoria. No entanto, todos os cartões oferecidos pelo banco paulista terão reajuste de 8%. Clique aqui para conferir toda a listagem.
Já o espanhol Santander aumentou a tarifa nas modalidades AAdvantage e Gol Smiles, sendo clientes Black, Platinum, Quartz e Infinite. Em comparação, o cartão mais acessível da lista divulgada vai sofrer reajuste de 32% nos gastos anuais, subindo de R$ 1.236 para R$ 1.632. Os valores vigentes podem ser conferidos na tabela de serviços ofertados, basta clicar aqui.
No Itaú, a anuidade será reajustada em sete bandeiras, que podem ser conferidas clicando aqui. A mais básica delas, Azul Itaú Gold, sofrerá aumento de 9%, saltando de R$ 438 para R$ 522. Também entram no pacote de aumento os portadores dos cartões Azul Itaú Platinum, Latam Pass Itaú Gold, Pass Platinum, Itaú Personnalité Platinum, Black e Signature.
Todos os bancos foram procurados pelo Campo Grande News. No entanto, apenas o Itaú respondeu no prazo estabelecido de publicação. Em nota enviada à imprensa, o banco esclareceu que a atualização foi iniciada em outubro de 2023. “A mudança ocorre no mês da renovação da anuidade de cada cartão para o ciclo seguinte; portanto, as comunicações aos clientes ocorrem em ondas, de acordo com a data de renovação. Todos os clientes são informados ao menos 45 dias antes da nova anuidade ser lançada, conforme a regulamentação vigente”, diz o texto.
Segundo o BC (Banco Central), o reajuste da anuidade fica a cargo de cada banco, “[…] diante da utilização de rede de estabelecimentos afiliados, instalada no País, para pagamentos de bens e serviços, cobrada no máximo uma vez a cada doze meses, admitido o parcelamento da cobrança”, conforme cita a Resolução nº 3.919/2010.
Vale lembrar que entrou em vigor a regra fixada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) que limita os juros de dívidas no rotativo do cartão de crédito a 100% do valor contratado. A decisão, em vigor a partir desta quarta-feira (3), veio após o transcurso de 90 dias sem que houvesse um acordo entre governo, as instituições financeiras, o Congresso Nacional e o Banco Central sobre os juros.
A limitação foi prevista na Lei do programa Desenrola Brasil, após a constatação de que os juros elevados praticados pelas instituições eram um dos grandes fatores de endividamento no país. Segundo dados recentes do Banco Central, no parcelamento da fatura de cartão de crédito o juro chega a 193,17% ao ano.
Já a média dos juros rotativos atinge o patamar de 477,5% ao ano. Recentemente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a comentar a gravidade da situação. “O [programa] Desenrola demonstrou que esse é um dos grandes problemas do País (os juros abusivos). A pessoa devia R$ 1.000 no cartão, dali a x meses estava em R$ 10 mil, e não conseguia mais pagar”. –
Fonte: CAMPO GRANDE NEWS