Campo Grande (MS) – A Companhia de Gás de Mato Grosso do Sul (MSGás) sinalizou aumento da demanda em 2019. A meta da estatal é ser a quarta maior companhia do País e triplicar a comercialização do gás natural até 2022.
Atualmente a estatal distribui 2,232 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural no Estado, entre térmico (1,654 milhão de m³/dia) e não térmico (578 mil m³/dia). Conforme edital de abertura do mercado, do qual o processo será concluído em dezembro, a projeção é de que a saída de gás natural de Mato Grosso do Sul salte, em 2022, de valores contratuais de 95 mil m³ para 2,2 milhões de m³.
Em dois anos, Mato Grosso do Sul deve registrar salto relevante no consumo de gás natural e dobrar o volume distribuído do produto dentro de três anos, após entrar em operação e gradativamente ampliar a demanda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3), empreendimento situado em Três Lagoas e atualmente na reta final de negociações para ser repassada pela Petrobras à iniciativa privada.
“É um mercado que está em ebulição, muito forte, crescendo muito. Com a venda da UFN3, a MSGás vai ficar entre a quarta ou quinta maior companhia do País. A medida que você está vendendo gás você está gerando Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na entrada, quando importa da Bolívia e na comercialização. Só a MSGás recolhe anualmente, do que nós comercializamos, R$50 milhões de impostos. Isso vai aumentar muito, nossa previsão é que em dois ou três anos ela triplique a comercialização de gás que temos hoje. ”, afirmou o diretor-presidente da companhia, Rudel Trindade.
Expansão
Outra estratégia da companhia é a expansão da atuação dentro do Estado. O diretor-presidente da MSGás afirmou que a estatal está em um novo momento, em que as operações de Campo Grande e Três Lagos já estão consolidadas. “O Governador está exigindo expansão, nós temos um Estado que está crescendo economicamente, a gente nota isso pela resposta comercial em Campo Grande. Esse mês nós fechamos 10 mil clientes no Estado e o governador solicita que a gente comece novos estudos de expansão da nossa rede que é importante para os municípios. Então neste ano ainda a gente espera contratar os projetos executivos do ramal Sul (Sidrolândia -Maracaju-Dourados). Aqui por exemplo em Aquidauana-Anastácio o Gasbol está passando bem próximo, então é um mercado importante que você atinge frigorífico, você tem hotéis, hospitais, então estamos com essa necessidade de expansão.
Para Rudel ainda há outras possibilidades de aumentar a rede no Estado. “Estamos trabalhando arduamente para viabilizar a termelétrica em Corumbá que é uma questão estratégica. Tem também uma fábrica de celulose que está se instalando em Ribas do Rio Pardo e estamos estudando a viabilidade para atender essa indústria”, afirmou.
Privatização
Em meio aos planos de expandir a empresa estatal de Mato Grosso do Sul, que no ano passado teve lucro líquido de R$ 12,7 milhões. Com os investimentos que estão por vir, e o aumento da demanda, a perspectiva é de que os resultados nos próximos anos sejam ainda melhores.
Projeto para vender a estatal foi aberto no ano passado. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conduz os estudos, que incluem avaliação da empresa, perspectivas de mercado, entre outras variações. A venda de empresas estatais também é uma das condições para os estados aderirem a um pacote de benefícios aprovado no primeiro semestre pelo governo federal, o Plano Mansueto.
Queda
O valor do gás natural cobrado dos 10 mil clientes da MSGás deve cair entre 20% e 30% com a conclusão da chamada pública para transporte de gás pelos dutos da Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e com o novo contrato de compra do fluído, a ser concretizado em julho do próximo ano. Essa redução ainda depende do resultado da chamada pública aberta pela TBG, que vai terminar no dia 20 de dezembro, da qual a estatal sul-mato-grossense participa disputando o transporte de gás natural com outras 13 empresas que manifestaram interesse em fazer esse serviço a partir de janeiro de 2020, quando se encerra o contrato da TBG com a Petrobras.
O processo integra o projeto do governo federal para reduzir o valor médio do gás natural. Na prática, a medida consiste em acabar com o monopólio da Petrobras na venda de gás, permitindo a concorrência entre diversas empresas. Para tanto, em junho, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou resolução para abrir o mercado de transporte e distribuição de gás natural.
Negociação
Outro fator é o fim do atual contrato de compra de gás pela MSGás, que vai até junho de 2020. A estatal já começa a discutir um novo acordo com as empresas que abastecem os dutos da TBG, que são a YPFB, Shell, Petrobras e Total, para definir um valor menor pelo produto. O representante da MSGás explicou que o contrato da Petrobras com a Bolívia acaba no fim do ano. “O nosso contrato com a Petrobras vai até junho de 2020. Em conjunto com cinco distribuidoras do Sul do País, nós já nos antecipamos para uma compra coordenada. Essa compra coordenada é você chamar empresas que queiram suprir o gás natural das distribuidoras, que hoje está sendo suprido pela Petrobras, então se elas tiverem melhores condições de preços e condições comerciais para nossa distribuidora, a gente fecha. Esperamos que até o fim deste ano estejamos com isso tudo concluído”, completou Rudel Trindade.