Empresas alvo de operação receberam R$ 82 milhões

Publicado em: 30 nov 2023

Campo Grande (MS) – As três empresas que foram alvo de mandados de busca e apreensão da operação Turn Off, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Corrupção (Gecoc) com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) receberam R$ 82,3 milhões do governo de Mato Grosso do Sul desde 2015, período que coincide com a posse do ex-governador Reinaldo Azambuja e com a chegada do PSDB ao governo. 

Na operação foram presas sete pessoas, entre elas, integrantes do segundo escalão do governo, e um assessor do deputado federal Geraldo Resende (PSDB). 

Conforme o Gaeco, o volume financeiro dos contratos investigados é um pouco menor: R$ 68 milhões. Foram alvos da operação do Gaeco as empresas Isomed, Comercial Isototal e Maiorca Soluções em Saúde. 

Destas três empresas alvo da operação, chama atenção a ascenção da Isomed Diagnósticos como grande fornecedora do governo do Estado no setor de saúde. Apenas neste ano, foram pagos R$ 10 milhões à empresa. No ano passado, foram aproximadamente R$ 7 milhões, em 2021, R$ 5,1 milhões, e em 2020, R$ 5 milhões. 

Comparado com 2017, quando este fornecedor foi contratado pela administração pública, os pagamentos cresceram bastante: em 2017, a empresa recebeu apenas R$ 37,3 mil.

As empresas investigadas também tiveram um repasse expressivo em 2022. A Maiorca, pertencente a Sérgio Duarte Coutinho Jr., uma das pessoas presas preventivamente na operação, por exemplo, recebeu do governo R$ 2,4 milhões. Desde que sua relação com o governo começou, em 2016 (ano em que recebeu R$ 36 mil), a Maiorca teve R$ 17 milhões pagos em serviços. 

Já a Comercial Isototal, fornecedora da Secretaria de Estado da Educação (SED), recebeu R$ 31,1 milhões do governo desde que seus contratos começaram, em 2016. O ano em que ela recebeu mais dinheiro do governo foi 2022: R$ 10,9 milhões. 

Improbidade

A Isototal já entrou para o governo recebendo um “presente” da administração pública em 2015.

O realimento de preços no ano em que ela passou a ser a fornecedora de uniformes para as escolas públicas do estado, geraram um custo adicional de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos na época, fato que não passou despercebido pelo Ministério Público, que em 2021 ajuizou ação de improbidade administrativa contra a empresa, seu proprietário Lucas Coutinho, e agentes públicos responsáveis pela licitação na época. As defesas dos envolvidos alegam prescrição do processo. 

Lucas Coutinho também foi alvo da operação: foi o último a ser preso nesta quarta-feira (29). 

Operação

A operação Turn Off foi desencadeada nesta quarta-feira (29), com o cumprimento de oito mandados de prisão preventiva e 35 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Maracaju, Itaporã, Rochedo e Corguinho.

Além do empresário Sérgio Duarte Coutinho Júnior e do empresário Lucas Coutinho, foram presos o secretário-adjunto de Educação, Edio Antônio Rezende de Castro. Édio foi trazido pelo ex-governador Reinaldo Azambuja da cidade de Maracaju. Eles trabalharam juntos com Azambuja era prefeito. 

Além disso, o assessor do deputado federal Geraldo Resende, Thiago Haruo Mishima, também está preso, e também a pregoeira da Secretaria de Administração (SAD-MS), Simone de Oliveira Ramires Castro. O ex-secretário de saúde, Flávio da Costa Britto Netto, que ordenava despesas na pasta no período em que grandes desembolsos foram feitos para estas empresas, foi intimado para depor na próxima sexta-feira (1 de dezembro). Outras três pessoas foram detidas. 

Os crimes investigados pelos promotores são: corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, fraude em licitações e contratos publicos, além de lavagem de dinheiro. 

“A organização criminosa atua fraudando licitações públicas que possuem como objeto a aquisição de bens e serviços em geral, destacando-se a aquisição de aparelhos de ar-condicionado pela Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS), a locação de equipamentos médicos hospitalares e elaboração de laudos pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS), a aquisição de materiais e produtos hospitalares para pacientes da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Campo Grande”, afirma nota do Ministério Público. 

Fonte: Correio do Estado

  • Compartilhar:
  • Facebook
  • Facebook
  • Facebook