Governo de MS prefere que Petrobras conclua a UFN3

Publicado em: 26 jan 2023

Campo Grande (MS) – A venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), fábrica de fertilizantes localizada em Três Lagoas, foi interrompida novamente.

Na noite de terça-feira, a Petrobras anunciou o fim do processo de comercialização da indústria. A expectativa do governo de Mato Grosso do Sul é de que a petrolífera conclua as obras. 

“A Petrobras avaliará seus próximos passos relacionados ao desinvestimento do ativo em questão, em alinhamento ao Plano Estratégico 2023-2027 vigente, e reforça o seu compromisso com a ampla transparência de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio”, explicou a estatal, em nota.

O governador Eduardo Riedel (PSDB) disse em coletiva realizada na noite de ontem que aguarda a posição da estatal em relação à conclusão da unidade. E que a preferência é que a Petrobras conclua as obras da fábrica.

“Estamos crendo, e é um desejo nosso, que a Petrobras assuma a obra para concluir a UFN3 e, depois, decida se vai vender ou operar o ativo. O mais importante para o Estado é que a fábrica seja concluída e opere para gerar produção de fertilizantes e emprego. O indicativo da Petrobras hoje é de que eles vão concluir”, afirmou Riedel. 

FUTURO

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, disse que o governador tratará do futuro da unidade em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que será realizada amanhã.

“O governador vai tratar desse assunto na reunião que terá com o presidente Lula nos próximos dias. Além disso, temos como parceiros nesse pleito o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que já se posicionou [indicando] que o governo federal concluirá suas fábricas de fertilizantes e que considera UFN3 fundamental para o plano nacional do setor. Além disso, também temos o apoio irrestrito da ministra do Planejamento, Simone Tebet”, disse.

O secretário concorda com o governador de Mato Grosso do Sul sobre a conclusão ser realizada pela estatal.

“Já tem um compromisso de o presidente da Petrobras e o [Geraldo] Alckmin virem para cá para conhecer o projeto da UFN3. A minha opinião é: como o Lula tem dado uma sinalização pró-estatização, acho que o caminho hoje é a Petrobras terminar a fábrica. E se eles resolverem privatizar, o processo vai recomeçar tudo de novo”, avaliou Verruck. 

Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de 19 de janeiro, o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, sinalizou que a Petrobras deve retomar a construção das três unidades de fertilizantes que estão paralisadas desde o início da década passada.

Entre elas, a fábrica de Três Lagoas, cuja obra foi paralisada em 2014, com 81% dos trabalhos concluídos. 

“Tem um plano nacional de fertilizantes que nós vamos dar continuidade. O presidente Lula já determinou ao meu colega ministro de Minas e Energia que um dos programas que a Petrobras tem de participar é a continuidade de plantas de produção de nitrogenados que já estavam começadas e foram paralisadas, as três que faltam”, disse Fávaro em entrevista ao Globo.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse em entrevista ao Correio do Estado que os rumos da UFN3 ficarão mais claros depois de fevereiro, quando ocorrerá a mudança na presidência da Petrobras. Há a expectativa de que o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado pelo presidente Lula para presidir a empresa, seja aprovado pelo conselho de administração. 

HISTÓRICO

A unidade localizada em Três Lagoas começou a ser construída em 2011. A fábrica integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. Quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.

Os responsáveis pela Galvão foram envolvidos em denúncias de corrupção durante a Operação Lava Jato e, com isso, as obras foram paralisadas. A Petrobras absorveu todo o empreendimento desde então.

Quando as obras foram paralisadas em dezembro de 2014, a estrutura da indústria estava 81% concluída. 
Já o processo de venda da UFN3 teve início em 2018, em conjunto com a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada na Região Metropolitana de Curitiba (PR). A comercialização das duas plantas em um único pacote inviabilizou a concretização do negócio. 

Em 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade fabril. O principal motivo para que o contrato não fosse firmado na época foi a crise boliviana, que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales. 

No ano seguinte, em fevereiro, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda da UFN3. Dessa vez, a estatal ofereceu ao mercado a unidade de forma individual. As tratativas só foram retomadas no início de 2022, com o mesmo grupo russo.

Em 28 de abril de 2022, a Petrobras anunciou em comunicado ao mercado que a transação de venda da fábrica para o grupo russo Acron não foi concluída.

Conforme adiantado pelo Correio do Estado na edição publicada em 21 de fevereiro de 2022, o plano do grupo era “rebaixar” a unidade a uma misturadora, e não manter o projeto original de produzir fertilizantes.

No mês de junho, a Petrobras relançou a venda da fábrica ao mercado e a ideia era que o processo fosse finalizado até novembro de 2022. 

A unidade foi projetada para consumir diariamente 2,3 milhões de metros cúbicos de gás natural para fazer a separação e transformar em 3.600 toneladas de ureia e outras 2.200 toneladas de amônia por dia.

O empreendimento passou a ser estratégico para ajudar a suprir a demanda por fertilizantes no País. E principalmente para trazer desenvolvimento para o Estado. 

A ministra Simone Tebet, que é sul-mato-grossense e já foi prefeita de Três Lagoas e, por isso, conhece bem o histórico da unidade, falou ao Correio do Estado sobre a importância da unidade.

“Essa é uma fábrica estratégica para o governo federal e para o Brasil porque ela sozinha tem a capacidade de dobrar a produção de fertilizantes nitrogenados. O Brasil está cada vez mais dependente de fertilizantes no mundo”, lembrou. 

Fonte: Correio do Estado

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