Fazenda muda metas para dívida pública em 2024 e prevê maior participação de títulos atrelados à Selic

Publicado em: 05 set 2024

BRASÍLIA (Reuters) – O Tesouro Nacional anunciou nesta quarta-feira uma mudança em metas do seu Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2024, passando a prever uma fatia maior de títulos atrelados à taxa Selic na composição da dívida pública federal em meio ao aumento da demanda pelo papel, de menor risco para o investidor, em meio às incertezas em torno da política monetária dos Estados Unidos.A pasta informou que os novos limites para os papéis vinculados à Selic subirão para patamar entre 43% e 47% neste ano, contra a meta estabelecida em janeiro de fechar 2024 com uma fatia de 40% a 44%.

A pasta informou que os novos limites para os papéis vinculados à Selic subirão para patamar entre 43% e 47% neste ano, contra a meta estabelecida em janeiro de fechar 2024 com uma fatia de 40% a 44%.

Por outro lado, foram reduzidas as previsões de participação de títulos atrelados à inflação, de 27% a 31% para 25% a 29%, e de papeis prefixados, de 24% a 28% para 22% a 26%.

Não houve alteração dos limites para títulos ligados ao câmbio (3% a 7%). Também foram mantidas as metas para o prazo médio da dívida pública federal (3,8 a 4,2 anos) e para o percentual de títulos vincendo em 12 meses (17% a 21%)

“Os novos limites de referência do PAF 2024 possibilitam uma estratégia mais alinhada às condições de mercado e sem trazer pressão adicional para a formação dos preços dos títulos a serem oferecidos ao longo do último quadrimestre do ano, contribuindo, em última análise, para o bom funcionamento do mercado de títulos públicos”, disse o Tesouro em nota.

Na última sexta, a pasta informou que a dívida pública federal subiu 1,02% em julho ante junho, para 7,140 trilhões de reais. Segundo os dados, a parcela dos títulos remunerados pela Selic alcançou 44,95% no mês passado, acima do teto de 44% estabelecido pelo PAF até então. A fatia de papeis prefixados ficou em 21,33%, abaixo do piso anterior de 24%.

Na nota desta quarta, o Tesouro afirmou que o apetite por títulos indexados à Selic neste ano aumentou devido às incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos.

“Tais incertezas afetaram os mercados emergentes, pressionando as taxas de câmbio e aumentando a aversão ao risco. Esses fatores impactaram a curva de juros e a demanda pelos títulos do Tesouro Nacional, com investidores buscando ativos de menor risco”, disse.

Segundo a pasta, mudanças tributárias e de comportamento dos agentes econômicos também afetaram o mercado de títulos atrelados à inflação, “levando o Tesouro a atuar com mais cautela”.

O Tesouro argumentou que as maiores emissões de títulos ligados à Selic contribuíram para que o colchão de liquidez para gestão da dívida fosse mantido acima do nível prudencial. Atualmente, essa reserva é suficiente para cobrir 7,97 meses de vencimentos.

Com o estoque de papeis vinculados aos juros básicos podendo chegar a 47% da dívida pública federal neste ano, o Tesouro se afasta ainda mais do plano de reduzir a fatia desses títulos a 23% até 2035, dificultando também a tarefa de ampliar o volume de papeis ligados à inflação para 35%, hoje em 21,33%.

“Mesmo com essa mudança na composição da dívida, mais em direção a títulos flutuantes no curto prazo, não alinhado com o que estamos trabalhando para o médio prazo, temos condição de fazer essa reversão ao longo do tempo”, disse o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, Otavio Ladeira.

“Ela é mais desafiadora nos títulos prefixados e indexados à Selic, mas temos estratégias para ao final de dez anos alcançar todos os limites que nos impusemos.”

Ladeira ressaltou ainda que investidores estrangeiros têm apresentado uma visão mais benigna do Brasil do que os brasileiros, fazendo com que turbulências internacionais tenham efeito menor sobre a demanda por possíveis emissões externas do Tesouro.

Ele ponderou que embora haja uma perspectiva de que os últimos quatro meses deste ano sejam mais positivo na economia global, o Tesouro ainda vai avaliar se fará ou não um novo lançamento de títulos públicos no mercado internacional.

(Por Bernardo Caram)

Fonte: Isto é Dinheiro

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