Nota de 200 reais: entenda efeitos na economia

Publicado em: 22 set 2020

ampo Grande (MS) – Em meio a memes e polêmicas, já circula em todo o território nacional a nota de R$ 200. Ela é a sétima da família do real a ser impressa sob a justificativa do Governo Federal de conter uma futura falta de cédulas em circulação, mas quais as mudanças e efeitos práticos na economia do país?

Por que foi criada?

Segundo informações do Banco Central, a pandemia fez com que mais dinheiro circulasse pelo país e sem a nota de R$ 200, poderia haver a falta de papel-moeda. As estimativas do órgão mostraram que o país precisaria de mais R$ 105,9 bilhões em cinco meses para atender toda a demanda.

A encomenda de novas cédulas para o ano estava prevista em R$ 64 bilhões. Depois de considerar todos os cenários possíveis, optou-se em criar uma nova cédula para fazer frente ao problema futuro.

O Banco Central prevê produzir 450 milhões de unidades das notas de 200 reais até o fim do ano, o equivalente a R$ 90 bilhões.

Efeitos a economia

De acordo com o economista Hudson Garcia, a curto prazo, o lançamento da nota de R$ 200 não impactará nos principais indicadores econômicos, como Produto Interno Bruto (PIB), produtividade ou até mesmo gerar uma pressão inflacionária porque o país passa por um período de recessão econômica.

“Os níveis de preço estão mais baixos. Então não corremos o risco de ter uma hiper inflação como aconteceu na década perdida dos anos 1980, quando a nossa moeda perdia valor constantemente e nós precisávamos correr constantemente para realizar as compras por conta do preço extremamente volátil”, disse ao Correio do Estado.

Garcia também aponta que a nota de R$ 200 pode dificultar o troco para os comerciantes, porque se antes apenas 10% da população tinha a nota de R$ 100, agora a situação tende a ser ainda mais crítica. “Vamos ter que ter muito mais notas de R$ 5, R$ 10, R$ 15 e R$ 20 para dar troco, o que aumenta o fluxo do papel moeda”.

Com a emissão da nota de R$ 200, avalia o economista, o Governo Federal está olhando para a questão dos custos de impressão e reimpressão de notas desgastadas ou inválidas. Além disso, houve aumento da circulação de dinheiro devido ao auxílio emergencial. Então, ao invés de gastar para imprimir duas notas de R$ 100, basta uma de duzentos reais.

A economista Daniela Dias classifica o assunto como polêmico, já que ele carrega consigo diversas críticas e menções a algumas possibilidades. 

“Existem pessoas que falam acerca da inflação ou da desvalorização da moeda  e compara a questão ao Guarani, que tem uma grande quantidade de moeda para comprar determinado item cotado em dólar ou real. Há quem fale da questão da desvalorização do real frente ao dólar, até pelos impactos da pandemia, dos preços de diversas commodities cujos preços são ditados pela economia internacional e por questões mais ligadas com a política”, comenta.

Na opinião dela, a emissão de uma cédula maior barateia o custo da emissão de papel moeda, que sofreu aumento com os auxílios emergenciais. 

“Porém, vale ressaltar que já houve uma redução do valor a ser emitido em papel moeda para os próximos meses no auxílio. Além disso, há muitas pessoas que são consideradas de classe mais baixa que ganham um salário mínimo e que dificilmente andarão com uma nota de R$ 200. Temos o momento mais cauteloso e uma migração para a utilização do cartão de crédito. Então temos papel moeda em menor quantidade do que antes, ainda mais quando consideramos a zona de consumo em níveis negativos”, pontua Daniela. 

A economista também ressalta que, em comparação a outros países, o Brasil parece estar indo na contramão. “Várias nações pararam de fabricar ou emitir moedas de alto valor justamente para dar maior liquidez na questão do próprio troco e até mesmo para favorecer outras fontes de pagamento”.

Para ela, dados os prós e contras, existem mais reveses do que vantagens nessa questão dada a efetividade da medida, “que não necessariamente está relacionada ao aumento da inflação”. 

O economista Márcio Coutinho afirmou ao Correio do Estado que a nova nota não traz impactos diretos na economia.

“Pelo simples fato de você ter uma nota de R$ 200, não significa com que gere renda. Se ganhava R$ 1 mil, continua ganhando a mesma coisa. Isso não vai impactar a economia. Não vai gerar inflação e a taxa de juros vai continuar do jeito que está. Talvez vai dificultar o troco”, completa.

 

Fonte: Correio do Estado.

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